A transferência de Murillo Karam ocorreu na terça-feira, quando ele foi escoltado por um comboio da Guarda Nacional da prisão para sua residência, conforme imagens divulgadas pela rede ForoTV. A Comissão da Verdade Ayotzinapa (CoVAJ), criada pelo governo do presidente Andrés Manuel López Obrador para esclarecer o caso, manifestou desaprovação em relação à prisão domiciliar concedida ao ex-procurador.
A CoVAJ afirmou que a medida enviou uma mensagem de impunidade às vítimas e à sociedade, reiterando seu compromisso de trabalhar junto aos familiares dos estudantes desaparecidos. Murillo Karam é conhecido por sua participação na elaboração da “verdade histórica”, relatório final entregue por seu escritório que afirmava que os 43 estudantes foram detidos por policiais corruptos e repassados a traficantes de drogas, que posteriormente os assassinaram e incineraram seus corpos.
Essa versão é contestada pelas famílias das vítimas e por especialistas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que conduziram uma investigação paralela. Até o momento, apenas os restos mortais de três alunos foram encontrados, e desde 2022, 132 pessoas, incluindo 14 militares e o ex-procurador, tiveram suas prisões decretadas.
A polêmica em torno do desaparecimento dos estudantes em Ayotzinapa continua a gerar repercussão e levanta questionamentos sobre a atuação das autoridades mexicanas no caso. A transferência de Murillo Karam para prisão domiciliar reacendeu o debate sobre a busca por justiça e as dúvidas que cercam a investigação do lamentável episódio ocorrido em 2014.