Relatório policial gera indignação sobre crescimento do crime organizado no Rio após decisão do STF durante pandemia de Covid-19.

De acordo com o relatório elaborado por um grupo de trabalho do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e divulgado pelas polícias que atuam no estado do Rio de Janeiro, a expansão da atuação de organizações criminosas, especialmente do Comando Vermelho, foi atribuída às restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) às operações policiais durante a pandemia de covid-19. Essa informação gerou indignação entre pesquisadores e órgãos que também atuam no estado.

No entanto, especialistas argumentam que a situação é mais complexa do que a atribuída pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Eles mencionam o aumento do poder das milícias, que não foram efetivamente combatidas, como um fator importante para o crescimento da criminalidade. Além disso, ressaltam a falta de dados que comprovem as alegações apresentadas no documento.

O relatório foi entregue ao ministro Edson Fachin, do STF, que é relator da ação de descumprimento de preceito fundamental 635, conhecida como ADPF das Favelas. Nessa ação, o STF restringiu as operações policiais no estado a “casos excepcionais”. No entanto, os próprios responsáveis pela elaboração do relatório ressaltaram que as considerações sobre o avanço do crime organizado após a ADPF 635 não representam as conclusões do grupo, mas apenas refletem a visão da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Os dados apresentados pelo Instituto Fogo Cruzado e outras organizações indicam que o avanço dos grupos armados no Rio de Janeiro vem ocorrendo de forma constante, antes mesmo da ADPF. Além disso, apontam que as milícias são as estruturas criminosas que mais tem se expandido no estado, em comparação com o Comando Vermelho e outras facções.

Diante desse cenário, os especialistas defendem a necessidade de um plano efetivo de segurança pública no estado, com metas claras e medidas para reduzir a letalidade policial. Eles apontam a importância de uma análise mais aprofundada sobre a situação das milícias, que têm influência política e econômica no Rio de Janeiro. Além disso, o relatório do CNJ destaca a importância da autonomia na atividade pericial e a necessidade de um controle externo eficaz por parte do Ministério Público.

Portanto, é fundamental que as autoridades e órgãos responsáveis pela segurança pública no Rio de Janeiro considerem essas informações e adotem medidas eficazes para enfrentar o avanço do crime organizado no estado, levando em conta a complexidade e as especificidades desse cenário.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo