Um esforço conjunto envolvendo quase 250 empresas e centenas de profissionais, incluindo artesãos e arquitetos, foi crucial para tornar possível a recuperação da catedral gótica, registrada como patrimônio mundial da UNESCO. A primeira fase do processo foi dedicada à remoção dos escombros resultantes do incêndio, um trabalho que enfrentou atrasos devido à pandemia de Covid-19, às medidas de segurança necessárias no local e à descontaminação do prédio, especialmente do chumbo proveniente do telhado consumido pelas chamas.
Após uma árdua batalha que se estendeu até meados de 2021, com um custo aproximado de 150 milhões de euros, a remoção final dos destroços foi concluída. Em seguida, teve início a fase de restauração, que envolveu um intenso trabalho nas oficinas de artes especializadas na reconstrução de peças, vitrais, pedras e coberturas, além dos reparos nas estruturas de madeira da nave e do coro.
Durante o processo, mais de mil árvores bicentenárias foram selecionadas e retiradas de florestas francesas para serem utilizadas na reconstrução. Uma das marcas históricas do edifício, a agulha projetada pelo arquiteto Viollet-le-Duc no século XIX, pôde ser restaurada e voltou a ser visível em fevereiro deste ano.
Internamente, os especialistas realizaram uma minuciosa limpeza nas paredes, vitrais, abóbadas e decorações da catedral. Esta etapa, que quase se encaminha para o seu término, devolveu à edificação uma luminosidade há muito esquecida.
Durante o próximo verão no hemisfério norte, está prevista a finalização dos trabalhos nos tetos da igreja, do coro e da agulha, bem como a restauração dos pisos xadrez preto e branco e algumas intervenções no mobiliário de arte interior. Além disso, um avançado sistema de prevenção de incêndios será instalado no local.
Os vitrais históricos, incluindo as imponentes três rosáceas medievais, agora brilham sob uma nova luz filtrada. Um concurso para a criação de vitrais contemporâneos foi lançado, com previsão para instalação a partir de 2026.
Com um orçamento total estimado em torno de 550 milhões de euros, as autoridades acreditam que será possível concluir a fase de restauração sem ultrapassar esse montante. Vale ressaltar que o incêndio na catedral mobilizou uma onda de solidariedade global, resultando em significativas doações que ultrapassaram os 800 milhões de euros.
Além das obras de restauração da própria catedral, a área ao redor de Notre Dame também passará por reestruturações, de modo a tornar a esplanada e as entradas mais acessíveis e convidativas. A expectativa é que, a partir do outono no hemisfério norte, a catedral receba milhões de visitantes a cada ano, tornando-se um dos principais pontos turísticos e culturais da cidade-luz.
