CCJ do Senado aprova projeto de lei que prorroga política de cotas raciais em concursos públicos por dez anos

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (24) o projeto de lei que prorroga por dez anos a política de cotas raciais para concursos públicos e processos seletivos para a administração pública federal. A votação foi apertada, com 16 votos a favor e 10 contra, refletindo a polarização de opiniões sobre o tema dentro da comissão.

O projeto, que aumenta de 20% para 30% o total de vagas reservadas para cotas raciais, incluindo indígenas e quilombolas, busca garantir a representatividade dos grupos historicamente excluídos. Atualmente, as cotas raciais abrangem apenas a população negra, composta por pretos e pardos. A lei de cotas para concursos, criada em 2014, teria seu prazo encerrado em junho deste ano, sendo necessária a prorrogação para manter a política em vigor.

O relator do projeto, senador Humberto Costa (PT-PE), argumentou que o racismo ainda é uma realidade presente na sociedade brasileira e que é preciso garantir espaços de inclusão e representatividade para os grupos marginalizados. Ele destacou que, apesar de avanços, a presença de negros na administração pública federal ainda é insuficiente, representando apenas 40% do total.

Por outro lado, senadores da oposição criticaram o projeto, argumentando que as cotas deveriam ser apenas sociais, beneficiando pessoas de baixa renda. O senador Rogério Marinho (PL-RN) questionou a adoção de critérios raciais em detrimento do mérito e da produtividade, enquanto o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) defendeu que as cotas raciais deveriam ser temporárias e restritas às universidades.

Apesar das divergências, o relator acatou emendas da oposição para ampliar o apoio ao projeto, incluindo a redução do prazo de validade da política de cotas de 25 para 10 anos. Também foram feitas modificações para tornar mais eficaz a verificação da raça dos participantes dos concursos e para combater possíveis fraudes no sistema de cotas.

A decisão da CCJ do Senado ainda precisa passar por uma votação suplementar e, se aprovada novamente, seguirá para a apreciação da Câmara dos Deputados. O debate sobre as cotas raciais continua sendo pauta de discussões acaloradas no cenário político brasileiro, refletindo a complexidade e sensibilidade do tema.

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