Artista transforma “Mein Kampf” de Hitler em livro de culinária para desconstruir obra negativa ao longo de décadas.

O artista austríaco Andreas Joska-Sutanto está causando polêmica ao transformar o “Mein Kampf”, manifesto político de Adolf Hitler que estabeleceu as bases do nazismo, em um livro de culinária. Dentro de uma cafeteria em Viena, ele recorta meticulosamente as páginas da obra, letra por letra, em um projeto que pode levar décadas para ser concluído.

Joska-Sutanto, designer gráfico de 44 anos, começou seu projeto há oito anos, quando os direitos do manifesto se tornaram públicos. Após quase 900 horas de trabalho, ele conseguiu concluir apenas um quarto do livro, estimando que precisará de mais 24 anos para finalizá-lo. As letras recortadas são classificadas e usadas para criar o novo livro, que inclui receitas como pizza e salada de aspargos, uma tentativa de transformar uma obra negativa em algo positivo.

O artista busca mostrar que é possível desconstruir e transformar algo prejudicial em algo benéfico, uma forma de lidar com a história problemática do nazismo. A Áustria, que por muito tempo se apresentou como vítima do nazismo, passou a enfrentar sua história sombria apenas a partir do final da década de 1980, reconhecendo sua responsabilidade no assassinato de judeus e exílio de outros.

A iniciativa de Joska-Sutanto levanta questionamentos sobre a forma como lidamos com o passado, e como podemos transformar obras controversas em algo positivo. O trabalho minucioso do artista destaca a importância da memória histórica e da busca por formas criativas de lidar com questões sensíveis. A transformação do “Mein Kampf” em um livro de culinária é um exemplo inovador de como enfrentar obras prejudiciais e dar-lhes um novo significado.

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