A merendeira Neide Oliveira brinca ao afirmar que “aqui não tem bolo”, enquanto prepara os pratos saudáveis para os 650 alunos da escola municipal Roberto Burle Marx, em Curicica. A mudança no cardápio inclui frutas e hortaliças tipicamente brasileiras, como inhame, quiabo e caqui, alimentos que têm feito sucesso entre os alunos, que demonstram grande apetite ao devorarem a comida no refeitório.
A obesidade infantil é considerada uma epidemia não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, segundo Marluce Fortunato, gerente da Unidade de Nutrição Annes Dias (Unad) da prefeitura do Rio. Cerca de 31% das crianças e adolescentes brasileiros sofrem com sobrepeso ou obesidade, e mais de 80% consomem alimentos ultraprocessados regularmente.
O pediatra Daniel Becker alerta sobre os malefícios dos alimentos processados, que são responsáveis por 70% do adoecimento crônico no mundo. Ele destaca que a obesidade infantil pode levar a carências nutricionais que afetam a capacidade de atenção e aprendizado das crianças.
A substituição por produtos naturais é um desafio, pois os ultraprocessados viciam o paladar e são mais acessíveis do que os alimentos saudáveis. Por isso, a escola precisa do envolvimento dos pais para incentivar hábitos alimentares mais saudáveis em casa e fora dela.
Iniciativas como a Favela Orgânica têm buscado transformar os hábitos alimentares por meio de oficinas e sensibilização, visando ensinar as crianças a terem uma alimentação equilibrada. A conscientização sobre os malefícios dos alimentos ultraprocessados vem crescendo no Brasil, refletindo-se em campanhas como a “Doce veneno”, que pede por uma tributação desses alimentos para tornar os saudáveis mais acessíveis à população.
Portanto, é importante que haja uma mudança de mentalidade em relação aos alimentos, visando promover uma alimentação mais saudável para as crianças e garantir um futuro com menos problemas de saúde relacionados à má alimentação.
