A jovem de 16 anos desapareceu durante os protestos contra a morte de Mahsa Amini, enquanto estava sob custódia policial por usar o véu de forma “inapropriada”. O documento vazado, dirigido ao comandante-chefe da Guarda Revolucionária do Irã, descreve uma audiência sobre o caso da adolescente e revela os supostos nomes dos agressores e comandantes que tentaram ocultar os fatos.
Segundo o relatório, Shakarami estava sendo vigiada durante os protestos na capital iraniana e foi filmada ateando fogo a véus, enquanto os manifestantes ao seu redor gritavam palavras de ordem contra o líder supremo do país. A adolescente foi detida e colocada em uma van frigorífica, juntamente com três membros da Equipe 12 da Guarda Revolucionária.
Durante o trajeto para uma delegacia, os relatos sobre o ocorrido no veículo são perturbadores. Um dos membros da equipe teria abusado sexualmente da adolescente, provocando uma reação incontrolável por parte dela e culminando em sua morte. O relatório aponta que a violência dos três membros da Guarda resultou nos ferimentos fatais que levaram à morte de Shakarami.
O chefe da equipe, Morteza Jalil, relatou que após perceber a gravidade da situação, tentou transferir a adolescente para uma delegacia, mas diante da recusa de aceitá-la, acabou sendo instruído a simplesmente despejá-la na rua. O corpo de Shakarami foi encontrado em um local sob a rodovia Yadegar-e-Emam, em Teerã.
A investigação também aponta que, apesar dos trágicos acontecimentos, os responsáveis pela morte da adolescente não foram punidos. A suspeita é de que a ligação desses indivíduos com o grupo paramilitar Hezbollah tenha influenciado a decisão das autoridades iranianas em não prosseguir com as punições.
Diante dessas revelações chocantes, a comunidade internacional aguarda por respostas das autoridades iranianas e exigem justiça para Nika Shakarami. A investigação está em andamento e mais detalhes sobre o caso podem surgir nos próximos dias.