Ministério pede investigação da morte de senegalês durante ação policial em São Paulo; polícia é questionada sobre uso da força

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania solicitou formalmente que a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo investigue a morte do senegalês Serigne Mbaye, de 36 anos. O ocorrido se deu durante uma operação da Polícia Militar na região central da capital paulista, no dia 23 de abril.

De acordo com registros da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos do MDHC, as circunstâncias que resultaram na morte de Mbaye são consideradas suspeitas. A ação policial teria sido executada sem um mandado judicial de busca e apreensão, o que gerou questionamentos sobre o uso da força pelos agentes de segurança, que utilizaram balas de borracha e gás lacrimogêneo contra os moradores locais.

O ministro Silvio de Almeida se posicionou nas redes sociais nesta terça-feira (30), afirmando que determinou à ouvidora nacional de Direitos Humanos, Luzia Cantal, o acompanhamento e monitoramento do caso. Além disso, medidas foram solicitadas para uma apuração adequada dos procedimentos adotados pelos policiais, que, ao adentrarem o edifício sem autorização judicial, desrespeitaram a Constituição Federal e agiram com violência contra os residentes.

Serigne Mbaye, também conhecido como Talla, faleceu depois de cair do sexto andar de um prédio, durante a ação dos policiais que invadiram o local sem a devida autorização judicial. Testemunhas senegalesas relataram que os policiais abriram diversas portas de apartamentos até alcançarem a residência de Mbaye. Diante disso, o senegalês, ao perceber a presença dos policiais, correu em direção à janela.

A antropóloga Amanda Amparo, que esteve presente em um protesto no último dia 25, declarou que Mbaye jamais se colocaria em uma situação de risco a ponto de cair. Manifestantes presentes no ato pediram a investigação e punição dos policiais militares envolvidos na morte do imigrante, alegando que a perseguição aos imigrantes senegaleses na região central é frequente.

Embora a SSP tenha comunicado que a ação policial visava interromper o comércio de celulares roubados em um prédio da região, a morte de Mbaye foi registrada como um acidente no 2° Distrito Policial. Os manifestantes exigiram uma investigação mais abrangente, apontando que o falecimento de Mbaye está conectado ao padrão de opressão enfrentado pela comunidade imigrante senegalesa. A antropóloga ressaltou que é fundamental que essa problemática seja exposta, a fim de evitar outras mortes entre os senegaleses na região central de São Paulo.

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