Estudo aponta caminhos para enfrentar lixo no mar do Rio de Janeiro: pescadores relatam impactos e especialistas recomendam ações.

Um grave problema afeta os pescadores do litoral sul do Rio de Janeiro: o acúmulo de lixo nas redes de pesca. Paulo Santana, presidente da Associação dos Pescadores, Maricultores e Lazer do Sahy (Assopesca), descreve a situação como um verdadeiro desafio, onde os pescadores precisam fazer uma verdadeira garimpagem para conseguirem pegar o pescado. Esse drama foi revelado durante um estudo realizado por especialistas e ativistas, que trouxe à tona a realidade do lixo no mar do estado do Rio.

Nesta sexta-feira (3), diversas autoridades ambientais do estado estiveram reunidas no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, para receber o documento de 90 páginas elaborado pela Rede Oceano Limpo. A cerimônia contou com a presença de Paulo Santana, que expôs a difícil situação enfrentada pelos pescadores locais devido à presença de lixo nas águas.

O estudo, que levou mais de dois anos para ser concluído, identificou 32 ações estratégicas para combater a poluição no oceano, revelando que bacias hidrográficas como a Baía de Sepetiba, foz do Rio Paraíba do Sul e Baía de Guanabara estão entre os locais com maior risco de vazamento de lixo plástico no Brasil. Além disso, os impactos econômicos e na saúde humana também foram destacados pelos especialistas.

Alexsander Turra, professor da USP e coordenador da cátedra para a Sustentabilidade do Oceano da Unesco, enfatizou que a presença de lixo nos mares ameaça a biodiversidade e a saúde dos animais marinhos, além de representar um perigo para a saúde humana devido aos microplásticos presentes nos alimentos. Também ressaltou a importância do turismo para a economia local e como a presença de lixo nas praias pode afetar diretamente essa atividade.

Diante desse cenário alarmante, o documento apresenta recomendações em seis eixos, incluindo ações de ciência, tecnologia e inovação, fomento/financiamento, capacitação, combate ao lixo no mar, monitoramento e avaliação, e educação ambiental e comunicação. As autoridades presentes na cerimônia mostraram apoio às ações propostas e se comprometeram a atuar em conjunto para enfrentar o problema.

A entrega do documento ocorre em um momento em que o Brasil sediou encontros do Oceans 20 (O20), grupo temático do G20, e representa um importante passo na conscientização e no combate ao lixo nos mares. Conclui-se que ações coordenadas entre sociedade civil e governo são essenciais para preservar a vida marinha e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações.

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