Desafios no parto natural: brasileiras enfrentam obstáculos com planos de saúde para realizar partos sem cesárea

Jéssica Pinho, uma enfermeira carioca de 35 anos, teve uma experiência desafiadora ao tentar realizar um parto natural pelo seu plano de saúde. Como esperava dificuldades por trabalhar na área da saúde, ela se preparou para a batalha que viria pela frente. Ao procurar um obstetra credenciado, no entanto, ela se viu diante de um impasse que a levou a contratar uma equipe particular para garantir o parto natural de sua filha.

Casos como o de Jéssica não são incomuns no Brasil, onde o número de cesarianas continua a crescer e se distancia do patamar recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A taxa de cesarianas realizadas no país, incluindo nascimentos em hospitais públicos, atingiu aproximadamente 59,7% no ano passado. Quando considerados apenas os planos de saúde, esse percentual sobe para cerca de 82% dos nascimentos.

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Essa realidade tem levado a um aumento nas reclamações de consumidoras na Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). No primeiro trimestre deste ano, foram registradas 78 queixas de mulheres que não conseguiram realizar o parto normal pelo plano de saúde. O problema reside, em grande parte, na recusa de uma parte significativa dos médicos credenciados em seguir no atendimento quando a gestante manifesta a preferência pelo parto natural.

A situação fica ainda mais complexa quando as gestantes se deparam com médicos que cobram taxas extras, como a chamada “taxa de disponibilidade”, para a realização do parto normal. Alguns profissionais chegam a cobrar até R$ 3 mil de taxa extra, o que gera questionamentos sobre a legalidade e abusividade dessas práticas.

Diante desse cenário, mulheres como Jéssica e Pamela Britto, que desembolsaram quantias significativas para garantir o parto desejado, enfrentam barreiras financeiras e emocionais em busca de um direito básico à saúde. A garantia de um parto seguro e respeitoso, que atenda às preferências das gestantes, é um desafio que o sistema de saúde brasileiro ainda precisa superar.

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