Casos como o de Jéssica não são incomuns no Brasil, onde o número de cesarianas continua a crescer e se distancia do patamar recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A taxa de cesarianas realizadas no país, incluindo nascimentos em hospitais públicos, atingiu aproximadamente 59,7% no ano passado. Quando considerados apenas os planos de saúde, esse percentual sobe para cerca de 82% dos nascimentos.
Essa realidade tem levado a um aumento nas reclamações de consumidoras na Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). No primeiro trimestre deste ano, foram registradas 78 queixas de mulheres que não conseguiram realizar o parto normal pelo plano de saúde. O problema reside, em grande parte, na recusa de uma parte significativa dos médicos credenciados em seguir no atendimento quando a gestante manifesta a preferência pelo parto natural.
A situação fica ainda mais complexa quando as gestantes se deparam com médicos que cobram taxas extras, como a chamada “taxa de disponibilidade”, para a realização do parto normal. Alguns profissionais chegam a cobrar até R$ 3 mil de taxa extra, o que gera questionamentos sobre a legalidade e abusividade dessas práticas.
Diante desse cenário, mulheres como Jéssica e Pamela Britto, que desembolsaram quantias significativas para garantir o parto desejado, enfrentam barreiras financeiras e emocionais em busca de um direito básico à saúde. A garantia de um parto seguro e respeitoso, que atenda às preferências das gestantes, é um desafio que o sistema de saúde brasileiro ainda precisa superar.