Resgate de Sônia Maria de Jesus expõe precedente perigoso para vítimas de trabalho análogo à escravidão: uma história de injustiça e omissão.

Em uma emocionante entrevista nesta segunda-feira (6), o coordenador-geral de Fiscalização do Trabalho do Ministério do Trabalho (MTE), André Roston, expressou sua preocupação em relação ao caso de Sônia Maria de Jesus, de 50 anos, que foi resgatada em uma operação contra o trabalho análogo à escravidão na casa de um desembargador e que posteriormente retornou à residência dos investigados. Roston argumentou que esse precedente pode ser extremamente prejudicial no combate a esse tipo de crime, podendo resultar na negação do direito ao resgate de futuras vítimas.

Durante um debate na Comissão de Direitos Humanos do Senado, a história de Sônia foi o principal ponto de discussão. A irmã mais nova dela, Marta de Jesus, de 34 anos, compartilhou a angustiante busca da mãe, Deolina Ana de Jesus, que passou a vida inteira procurando por Sônia sem sucesso. A morte da mãe em 2016 foi um golpe devastador para a família.

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O defensor público da União (DPU), William Charley, também presente na audiência, revelou detalhes sobre a vida de Sônia, que nunca teve acesso à educação formal, não tinha vida social fora do núcleo familiar dos Borba e não recebeu cuidados de saúde adequados. Sônia dedicou sua vida ao trabalho doméstico desde os nove anos de idade, sendo analfabeta, enquanto os demais membros da família desfrutam de sucesso profissional.

O vice coordenador do Grupo de Trabalho sobre trabalho doméstico do Ministério Público do Trabalho (MPT), Thiago Lopes de Castro, destacou a importância do caso de Sônia no combate ao trabalho escravo no ambiente doméstico, enfatizando que sua situação é emblemática e levanta questões fundamentais sobre a ressocialização de vítimas desse tipo de crime.

O auditor fiscal do MTE, André Roston, ressaltou que a investigação revelou que Sônia não era tratada como parte da família, conforme evidenciado pelas fotos nas redes sociais dos Borba. Ele questionou como Sônia só obteve seu primeiro Registro Geral aos 45 anos e enfatizou a indignação da família diante das condições em que a vítima vivia.

Diante de um caso tão comovente e alarmante, é fundamental que a sociedade e as autoridades se unam para garantir a proteção e a dignidade das vítimas de trabalho forçado, como Sônia Maria de Jesus. A justiça e a solidariedade devem prevalecer em situações tão delicadas e cruéis.

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