A seguradora pública de saúde, EsSalud, foi responsável por administrar o procedimento que resultou na morte da paciente, aplicando sedação e desligando o respirador. A batalha judicial iniciou em fevereiro, quando Maria teve seu desejo por uma “morte digna” reconhecido pela justiça peruana. Mesmo com a decisão favorável, os médicos do hospital Edgardo Rebagliati inicialmente se recusaram a acatar o pedido da paciente, alegando objeção de consciência.
Este caso representa o segundo episódio no Peru envolvendo o direito à morte digna. Os filhos de Maria, que apoiaram a luta da mãe, acompanharam o desfecho do processo. Em comunicado, a advogada Josefina Miró Quesada se pronunciou: “Maria morreu cercada pelo amor de sua família e partiu dormindo, conforme sua vontade”.
Ketty Solano, filha de Maria, destacou a importância do caso ao afirmar que sua mãe abriu caminho para que as pessoas entendam que têm o direito de decidir sobre a última etapa de suas vidas, enfatizando a morte como um ato de amor.
O cenário político-judicial do Peru tem sido pautado por debates sobre a eutanásia e rejeição a tratamentos médicos em casos como o de Maria Benito. No mês passado, Ana Estrada se tornou a primeira pessoa do país a receber eutanásia, após um processo que se estendeu por dois anos. Em contrapartida, Maria decidiu pela rejeição de tratamentos médicos que a mantinham viva, buscando permitir que a ELA seguisse seu curso natural.
Para a advogada Quesada, Maria optou por esse caminho por acreditar que um processo judicial semelhante levaria muito tempo e seria extremamente desafiador no estado em que se encontrava. Assim, a decisão de Maria Benito de pedir para ser desligada do ventilador mecânico visava permitir que a doença seguisse seu curso natural até o desfecho inevitável. Este caso traz à tona discussões importantes sobre o direito à morte digna e a autonomia do paciente em decisões médicas que afetam diretamente sua qualidade de vida.