Esse cenário levanta questionamentos sobre a ética e a transparência no processo de realização das pesquisas eleitorais. O cientista político João Francisco Meira, sócio-diretor do instituto Vox Populi e membro do conselho superior da Abep, destacou que a prática de empresas de pesquisa autofinanciarem os levantamentos é preocupante, uma vez que essas empresas costumam vender os seus serviços. O volume de pesquisas autofinanciadas atingiu a cifra de R$ 3,3 milhões em menos de quatro meses, uma situação que Meira classificou como um “verdadeiro escândalo nacional”.
Apesar de não ser ilegal, a realização de pesquisas autofinanciadas deve ser acompanhada de informações claras sobre o valor e a origem dos recursos utilizados. O Ministério Público Eleitoral (MPE) está atento a esse tipo de prática e ressaltou que, por si só, o autofinanciamento não constitui irregularidade, desde que não haja indícios de ilícitos.
Outro aspecto levantado é a suspeita de que as pesquisas autofinanciadas possam ser utilizadas como peças de publicidade política para promover pré-candidatos ou prejudicar concorrentes antes das convenções partidárias. Empresas filiadas à Abep manifestaram preocupação com a possibilidade de que os resultados dessas pesquisas sejam utilizados de forma tendenciosa.
Diante desse panorama, a Abep pretende encerrar o mês de maio com uma nova planilha contendo informações atualizadas sobre as pesquisas eleitorais registradas na Justiça Eleitoral. A transparência e a lisura na realização desses levantamentos são fundamentais para garantir a credibilidade do processo eleitoral e a confiança dos eleitores em relação às pesquisas de opinião.