Sociedade Americana do Câncer lança maior estudo sobre disparidade racial na incidência e mortalidade da doença em mulheres negras nos EUA.

A Sociedade Americana do Câncer (ACS) anunciou recentemente o lançamento do maior estudo sobre disparidade racial na incidência e mortalidade de câncer, focado em entender por que mulheres negras são as mais afetadas pela doença, mesmo tendo números de diagnóstico similares às mulheres brancas. O objetivo é recrutar mais de 100 mil mulheres negras dos Estados Unidos, entre 25 e 55 anos, provenientes de diferentes contextos sociais e econômicos, sem histórico prévio da doença.

Essas participantes serão acompanhadas por 30 anos pelos pesquisadores, que buscarão estabelecer parcerias com comunidades de mulheres negras e especialistas na área para aprofundar o entendimento sobre as experiências que podem influenciar o risco oncológico. A cientista Alpa Patel, uma das responsáveis pelo estudo, destacou a importância de pesquisas a longo prazo na área do câncer, mencionando conquistas como a redução de 31% na mortalidade pela doença nos EUA desde 1991, influenciadas por descobertas como a relação do tabagismo com o câncer de pulmão e da obesidade com a mortalidade.

O recrutamento para o estudo teve início em outubro do ano passado, com projeto-piloto em duas cidades dos estados americanos de Geórgia e Virgínia. Agora, o lançamento em nível nacional amplia a inscrição para mais municípios e 19 estados dos EUA, onde vive a maioria das mulheres negras do país, de acordo com o censo.

A desigualdade na doença é um ponto de destaque, com mulheres negras nos EUA tendo maior probabilidade de morrer para a maioria dos tipos de câncer e menor tempo de sobrevida após o diagnóstico em comparação a outros grupos étnicos. Embora a incidência de tumores em mulheres negras seja 8% menor que nas brancas, a mortalidade é 12% superior. A disparidade também é evidente em casos específicos, como câncer de mama e endométrio, onde as taxas de mortalidade são substancialmente mais altas entre as mulheres negras.

O estudo visa desvendar os motivos por trás dessas disparidades, investigando não apenas questões de acesso ao diagnóstico precoce, mas também possíveis fatores sociais, ambientais e de estilo de vida que contribuem para a incidência e mortalidade por câncer em mulheres negras. Ao longo das três décadas, as voluntárias serão acompanhadas para identificar associações entre seus relatos e o surgimento e evolução de casos de câncer no grupo, visando desenvolver intervenções personalizadas para mitigar as disparidades.

Em um cenário onde a equidade em saúde se mostra fundamental, o novo estudo se mostra como um passo crucial para compreender e combater as diferenças no tratamento e resultados de câncer entre mulheres negras e brancas nos EUA.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo