Expedição revela corais em risco e pesca predatória em montanhas submersas do Nordeste; proposta de APA em análise.

As cadeias de montanhas de Fernando de Noronha e do Norte, localizadas a 1,3 mil quilômetros de distância, próximas da Linha do Equador, foram alvo de expedições realizadas por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desde 2016. Essas montanhas submersas abrigam bancos de corais que são essenciais para a vida marinha no Oceano Atlântico equatorial.

Na última expedição realizada em abril deste ano, foram descobertas importantes colônias de corais, incluindo uma grande população da espécie de corais-de-fogo Millepora alcicornis, localizada em profundidades entre 43 e 50 metros. Essa descoberta inédita levou os cientistas a acreditarem que esta pode ser a maior população da espécie no Brasil.

Além disso, foram registradas populações de outras espécies de corais, como o Mussismilia hartii e o Meandria brasiliensis, ambas consideradas em risco de extinção. No entanto, os pesquisadores também observaram um fenômeno preocupante: o branqueamento dos corais, causado pelo aumento da temperatura dos oceanos. Isso compromete a saúde dos corais e pode levá-los à morte, sendo a primeira vez que esse fenômeno é registrado em profundidades tão elevadas no Atlântico Sul.

Outro aspecto que chamou a atenção dos cientistas foi a presença de restos de apetrechos de pesca e a redução da população de peixes grandes, indicando a intensa atividade pesqueira nessas áreas. A preocupação com a exploração petrolífera também é uma realidade, com blocos de petróleo sobrepondo-se parcialmente a alguns dos bancos de corais.

Diante dessa situação, a proposta de criação de uma Área de Proteção Ambiental (APA) marinha com mais de 12 milhões de hectares é uma medida urgente para conservar esses importantes ecossistemas. O processo para criação da APA já está em andamento e aguarda avaliações do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e de outros órgãos governamentais.

A conservação dessas cadeias de montanhas submarinas é crucial para a sustentabilidade da vida marinha na região e para proteger espécies ameaçadas de extinção. A criação da APA pode contribuir significativamente para a preservação desses ecossistemas frágeis e garantir um futuro mais sustentável para a pesca e a biodiversidade marinha nessa área.

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