Tanto a fabricante quanto a Anvisa afirmam que não há riscos para a saúde nos lotes suspensos do detergente Ypê, que estão sendo recolhidos voluntariamente pela empresa. No entanto, o desvio identificado – uma alteração no odor – indica um potencial de contaminação microbiológica, conforme apontado pela Anvisa.
Para compreender a importância dos ingredientes presentes nos detergentes, é necessário voltar à química básica. Na escola, aprendemos que “semelhante dissolve semelhante”. Ou seja, substâncias polares, como água e álcool, conseguem se misturar com outras moléculas polares, enquanto substâncias apolares, como a gordura, só se misturam com outras moléculas apolares.
É aqui que entram os agentes tensoativos, presentes nos sabões e detergentes. Essas substâncias possuem uma parte apolar e outra polar em sua composição, o que possibilita a mistura tanto com água quanto com gorduras. No caso dos detergentes, o tensoativo mais comum é o Linear Alquil Benzeno Sulfonato de Sódio (LAS), biodegradável e obrigatório em detergentes comercializados no Brasil desde 1982, de acordo com as normas da Anvisa.
Além do tensoativo, os detergentes também contêm água, corantes, fragrâncias, espessantes, conservantes e sequestrantes, que contribuem para a eficácia, a qualidade e a aparência do produto. No entanto, a possibilidade de contaminação por microrganismos traz à tona a importância de um armazenamento adequado dos produtos de limpeza, tanto em casa quanto na indústria.
Diante do ocorrido com o detergente Ypê, especialistas como o doutor Matias Chiarastelli Salomão ressaltam a necessidade de investigação para identificar as causas do desvio identificado e garantir a segurança dos consumidores. A Anvisa divulgou a lista dos lotes suspensos do detergente Ypê, orientando a população sobre os produtos afetados e reforçando a importância da transparência e qualidade na fabricação de itens de uso cotidiano.
