Tribunal de Belfast impede deportação de solicitantes de asilo para Ruanda na Irlanda do Norte por questões de direitos humanos

O Tribunal Superior de Belfast proferiu uma decisão histórica nesta segunda-feira (13), ao vetar a aplicação de uma lei do Reino Unido que permitia a deportação de solicitantes de asilo para Ruanda na Irlanda do Norte. A sentença foi motivada pela argumentação da Comissão de Direitos Humanos da Irlanda do Norte (NIHRC) e de um jovem iraniano de 16 anos que chegou ao Reino Unido em busca de proteção.

Os advogados da NIHRC sustentaram que a Lei de Migração Ilegal, promulgada pelo governo conservador britânico liderado por Rishi Sunak, violava os compromissos do Reino Unido decorrentes de um tratado pós-Brexit assinado com a União Europeia para reger os acordos na Irlanda do Norte. O Marco de Windsor, como é conhecido esse tratado, assegura a preservação dos direitos estabelecidos pelo Acordo da Sexta-feira Santa de 1998, que encerrou décadas de conflito na região.

O juiz Michael Humphreys fundamentou sua decisão destacando que a Lei da Migração Ilegal diminuía os direitos dos solicitantes de asilo na Irlanda do Norte, em desacordo com o acordo de paz, e determinou que a legislação não deveria ser aplicada no território norte-irlandês. Além disso, o caso também levantou questões sobre possíveis violações da Convenção Europeia dos Direitos Humanos.

A advogada de direitos humanos, Sinead Marmion, que representou o adolescente iraniano, celebrou a sentença como um marco na luta contra leis anti-imigração no país. Por outro lado, o primeiro-ministro Rishi Sunak afirmou que a decisão não afetará a legalidade da lei e reafirmou sua determinação em continuar com o processo de deportação dos solicitantes de asilo a partir de julho.

Diante desse cenário, o governo britânico anunciou sua intenção de recorrer da decisão, garantindo que tomará todas as medidas necessárias para defender a legislação contestada. A batalha jurídica em torno da deportação de solicitantes de asilo para Ruanda na Irlanda do Norte promete gerar debates e controvérsias nos próximos meses.

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