A jovem optou por se estabelecer em Nova York e tem viajado pelo mundo, evitando revelar as razões pelas quais não pôde voltar à sua pátria em entrevistas. No entanto, em 12 de maio, Anne Jakrajutatip, proprietária da franquia de beleza, confirmou em uma postagem no Instagram o “exílio indefinido” da modelo e de sua família devido às “intenções cruéis” do regime de Daniel Ortega e Rosario Murillo.
Palacios foi coroada Miss Universo em 18 de novembro de 2023, em El Salvador. Sua vitória foi marcada por ser a primeira nicaraguense e centro-americana a conquistar o título. Após a coroação, a Nicarágua se encheu de alegria, gritos e lágrimas.
Apesar das tentativas do governo de Ortega e Murillo de se aproximar de Palacios por meio de sua família, a Miss Universo não se deixou influenciar politicamente. O regime então iniciou uma perseguição feroz contra Karen Celebertti, diretora da franquia Miss Universo na Nicarágua. O casal presidencial não conseguiu capitalizar o ocorrido com a coroação de Palacios.
A situação da miss gerou grande expectativa, especialmente entre sua família que permanecia na Nicarágua. Antes da confirmação do exílio por Anne Jakrajutatip, surgiu a notícia extraoficial de que a família conseguiu chegar aos Estados Unidos com o Parole Humanitário. A informação finalmente foi confirmada na postagem do Instagram, que foi editada horas depois de publicada.
A Nicaraguenses en el Mundo (NEEM), liderada por Haydée Castillo, defensora dos direitos humanos, solidarizou-se com Palacios e lamentou seu exílio forçado. Castillo destacou que o deslocamento forçado é um crime contra a humanidade e sugeriu que a miss pode solicitar asilo político nos Estados Unidos.
A coroação de Palacios criou desconforto para o regime sandinista, especialmente sua máquina de propaganda. Programas de fofoca chegaram a menosprezar a Miss Universo, mas o que mais incomodou o oficialismo foi uma foto viral em que Palacios aparece com bandeiras azul e branca, participando de marchas civis durante a rebelião de 2018.
A coroa de Palacios foi vista como um acontecimento “histórico” por críticos do regime, que acreditam que isso simbolicamente oxigenou um país mergulhado em desespero desde 2018. Após a perseguição à franquia Miss Universo na Nicarágua, o regime criou um concurso em que as candidatas agradecem ao comandante Ortega e à companheira Rosario, mostrando a tentativa de capitalizar politicamente o concurso de beleza.
Em resumo, o caso de Sheynnis Palacios é marcante na história do Miss Universo e na política nicaraguense. Sua vitória foi celebrada, porém acabou desencadeando uma série de eventos que revelam as tensões políticas em seu país e os desafios enfrentados por uma miss em meio a um regime autoritário.