Estudo revela que maioria das vítimas de violência LGBTQIA+ no Rio de Janeiro tem receio de denunciar o crime

Em uma pesquisa realizada com um grupo LGBTQIA+ na cidade do Rio de Janeiro, foi constatado que a maioria dos participantes sofreu algum tipo de violência, porém, muitos têm receio de denunciar o crime em uma delegacia. O estudo também revelou que, quando as ocorrências são registradas, muitas acabam sendo arquivadas pelo Ministério Público.

Os dados da pesquisa inédita, realizada pelo grupo Pela Vidda, foram apresentados nesta sexta-feira (17), no Dia Internacional Contra a LGBTfobia, a policiais civis da capital fluminense. De acordo com o levantamento, as formas mais recorrentes de violência foram a homofobia, relatada por 53,6% dos entrevistados, seguida pela violência psicológica, mencionada por 51,7%, e pelo assédio e/ou importunação sexual, citados por 45,2% dos participantes.

Quando questionados sobre a possibilidade de recorrer à polícia em casos de LGBTfobia, cerca de 29,3% dos entrevistados consideraram muito improvável fazer a denúncia, enquanto apenas 25% afirmaram ser muito provável que façam. Além disso, a pesquisa mostrou que a maioria dos entrevistados acredita que o efetivo policial está pouco preparado para atender a população LGBTQIA+ e que os policiais não levam as denúncias a sério.

O estudo foi realizado com 515 pessoas LGBTQIA+, sendo aplicado online e em eventos voltados para essa comunidade. Entre os que procuraram uma delegacia, 28% relataram que a especificação do crime de LGBTfobia foi recusada, e 14% conseguiram registrar a ocorrência apenas após insistir. A diretora do grupo Pela Vidda, Maria Eduarda Aguiar, ressaltou a importância de aplicar a legislação para combater a LGBTfobia, uma prática considerada crime no Brasil desde a equiparação ao crime de racismo pelo Supremo Tribunal Federal em 2019.

Diante dos resultados alarmantes da pesquisa, a Polícia Civil está buscando formas de melhorar o tratamento dispensado à população LGBTQIA+ nas delegacias. Claudia Otília, assessora especial da Secretaria de Polícia Civil, destacou a criação de grupos de trabalho e a revisão de protocolos policiais como medidas para combater a LGBTfobia. Eventos formativos e de diálogo com a sociedade civil estão sendo realizados para sensibilizar os policiais e promover uma convivência mais respeitosa com a população LGBTQIA+.

Esses números revelam a urgência de medidas que garantam o respeito e a segurança das pessoas LGBTQIA+, reforçando a importância do combate à LGBTfobia e da sensibilização dos órgãos responsáveis pela segurança pública.

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