Esses números indicam que a situação habitacional nessas regiões é preocupante, com grande parte dos imóveis ocupados em condições precárias. No Amapá, a situação de habitação em situação precária é predominante, enquanto no Amazonas, a coabitação é apontada como o principal problema. Já em Roraima, o ônus excessivo com aluguel é apontado como o principal fator contribuinte para o déficit habitacional.
Segundo o pesquisador da Fundação João Pinheiro, Gabriel Lacerda, esses problemas na Região Norte estão relacionados à produção de moradias e ao padrão de urbanização, que frequentemente resultam em habitações precárias, como as palafitas. Lacerda destaca que o modelo de produção habitacional sem divisão de cômodos leva à questão da coabitação e, nas capitais, aumenta os problemas relacionados ao ônus dos aluguéis.
Além disso, o estudo aponta que, com exceção do Tocantins, todos os demais estados da Região Norte apresentam uma proporção de déficit habitacional superior a 10%. No cenário nacional, apenas o Maranhão e o Piauí ultrapassam esse patamar, com 14,4% e 11,5% de déficit, respectivamente.
Em meio a esses dados alarmantes, especialistas destacam a importância de políticas públicas eficazes para lidar com o déficit habitacional no país. Raquel Ludermir, gerente de Incidência em Políticas Públicas da Habitat para a Humanidade Brasil, ressalta que programas de moradia em larga escala, como o Minha Casa, Minha Vida, não são suficientes para solucionar o problema, uma vez que a meta estabelecida pelo programa é inferior ao déficit habitacional existente.
Acompanhando essa questão, o Ministério das Cidades destaca a relevância dos dados da pesquisa para direcionar adequadamente os recursos públicos em apoio à população de baixa renda do país. O estudo reforça a importância da retomada de investimentos públicos no setor habitacional, por meio de políticas como o Programa Minha Casa Minha Vida, que tem se mostrado fundamental para enfrentar o déficit habitacional no Brasil.