Motoristas e entregadores enfrentam jornadas mais longas e ganham menos em plataformas digitais, aponta estudo do Ipea

O cenário do mercado de trabalho para os motoristas e entregadores de aplicativos no Brasil tem se mostrado desafiador, de acordo com um estudo recente realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Enquanto o número de brasileiros que dependem dessas plataformas como principal fonte de renda vem aumentando ano após ano, os profissionais que atuam nessas áreas estão enfrentando uma realidade de ganhos menores e jornadas de trabalho mais longas em comparação com outros trabalhadores.

Segundo os dados levantados, o número de motoristas autônomos no transporte de passageiros saltou de 400 mil em 2012 para 1 milhão em 2022. No entanto, nesse mesmo período, o rendimento médio desses profissionais registrou uma queda significativa, passando de R$ 3.100 para R$ 2.400, mesmo com um aumento na carga horária de trabalho.

O estudo intitulado “Plataformização e Precarização do Trabalho de Motoristas e Entregadores no Brasil” revela que a renda dos motoristas de aplicativo chegou a atingir cerca de R$ 3.100 em um período anterior, mas declinou para R$ 2.600 em 2017 e, posteriormente, para menos de R$ 2.200 em 2021, atingindo um patamar de aproximadamente R$ 2.400 em 2022.

Da mesma forma, os entregadores também enfrentam desafios semelhantes. O aumento no número de entregadores atuando nesse formato de trabalho resultou em uma redução na renda média ao longo dos anos. Em 2015, quando havia apenas 56 mil entregadores, a renda média era de R$ 2.250. Já em 2021, com 366 mil entregadores, esse valor caiu para R$ 1.650, subindo para cerca de R$ 1.800 em 2022.

Além disso, a pesquisa apontou um aumento na jornada de trabalho desses profissionais ao longo dos anos. Enquanto em 2012, 21,8% dos motoristas autônomos trabalhavam de 49 a 60 horas semanais, em 2022 esse percentual subiu para 27,3%. No caso dos entregadores, o aumento foi ainda mais expressivo, com 8,6% deles trabalhando mais de 60 horas por semana em 2022, contra 2,6% em 2012.

Segundo os pesquisadores responsáveis pelo estudo, esses dados evidenciam um cenário de precarização do trabalho, com uma diminuição na renda, contribuições previdenciárias menores e uma carga de trabalho mais intensa para esses profissionais. A tendência contrária ao observado em outros setores do mercado de trabalho nacional demonstra a necessidade de políticas públicas e regulamentações específicas para garantir melhores condições de trabalho para motoristas e entregadores de aplicativos no Brasil.

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