STF se posiciona contra desqualificação de mulheres vítimas de crimes sexuais em audiências judiciais e investigações policiais.

O Supremo Tribunal Federal (STF) teve um avanço nesta quarta-feira (22) ao registrar três votos para proibir que mulheres vítimas de crimes sexuais sejam desqualificadas em audiências judiciais e investigações policiais. A decisão veio após a Corte iniciar o julgamento de uma ação protocolada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no final do ano passado.

A ministra Cármen Lúcia, relatora do caso, juntamente com os ministros Dias Toffoli e Edson Fachin, votaram a favor de impedir que a vida sexual pregressa da vítima seja utilizada como argumento para desqualificação moral por policiais, advogados e juízes durante depoimentos em delegacias, audiências e decisões judiciais em todo o país. Após esses votos, o julgamento foi suspenso e será retomado nesta quinta-feira.

A decisão parcial baseada no voto de Cármen Lúcia destaca a importância de tratar as vítimas de crimes sexuais de forma digna durante todo o processo judicial. A ministra ressaltou que frases cruéis são proferidas contra essas mulheres em depoimentos realizados pela Justiça e em delegacias, revelando discriminação e preconceito.

Além de proibir a valoração da vida sexual das vítimas, a proposta também visa impedir a utilização da tese de legítima defesa da honra pelo réu acusado de crime sexual para justificar a violência e pedir a absolvição.

Durante a sessão, a ministra Cármen Lúcia destacou que as vítimas de crimes sexuais passam por revitimização, sendo frequentemente acusadas de forma injusta e sofrendo questionamentos sobre sua vida sexual. A Lei Mari Ferrer é citada como exemplo de norma criada para proteger vítimas e testemunhas de constrangimentos, como no caso da modelo Mariana Ferrer em 2018.

O tratamento adequado e respeitoso às mulheres vítimas de crimes sexuais durante a tramitação dos processos é fundamental para garantir a justiça e combater preconceitos e discriminação. A decisão do STF mostra um avanço na luta pela proteção e dignidade das vítimas de violência sexual no Brasil.

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