Advogado que denunciou Pinochet em 1998 falece aos 84 anos: Eduardo Contreras deixa legado na luta pelos direitos humanos.

O renomado advogado chileno Eduardo Contreras, responsável pela primeira denúncia judicial contra o ex-ditador Augusto Pinochet em 1998, faleceu no último domingo aos 84 anos. A notícia foi divulgada pelo Partido Comunista do Chile, ao qual Contreras era filiado e atuou como destacado militante, deputado, embaixador e prefeito.

Em uma publicação nas redes sociais, o Partido Comunista expressou seu pesar pela partida de Contreras, destacando seu papel ao lado de Gladys Marín na histórica ação judicial contra Pinochet. Contreras apresentou o processo em janeiro de 1998, pouco antes do ex-ditador deixar o comando do Exército e assumir o cargo de senador designado.

A denúncia contra Pinochet foi motivada pelo desaparecimento do dirigente comunista Jorge Muñoz em 1976, além de outros membros importantes de sua força política. Jorge Muñoz era marido de Gladys Marín, na época secretária-geral do Partido Comunista. O presidente chileno, Gabriel Boric, prestou homenagens a Contreras, destacando sua coragem na luta pelos direitos humanos.

Apesar da série de processos abertos contra Pinochet por crimes de lesa-humanidade e desvio de recursos públicos, o ex-ditador nunca foi condenado. Sua ditadura deixou mais de 3.200 vítimas, entre mortos e desaparecidos, com o paradeiro de 1.162 pessoas ainda desconhecido.

Recentemente, em abril de 2023, o tribunal de apelações ratificou a condenação de 47 ex-agentes da ditadura pinochetista pelo desaparecimento dos oito dirigentes do Partido Comunista, incluindo Jorge Muñoz. Agora, a Suprema Corte deverá definir a sentença final nesse caso.

A morte de Eduardo Contreras representa a perda de um ícone na luta pelos direitos humanos e pela justiça no Chile. Sua coragem e determinação deixaram um legado de enfrentamento aos abusos de poder e impunidade, e sua memória será eternamente lembrada pelos que lutam por um mundo mais justo e igualitário.

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