Acesso a produtos de higiene menstrual ainda é um desafio para adolescentes e jovens, aponta enquete do Unicef

No Brasil, a pobreza menstrual ainda é uma realidade que afeta adolescentes e jovens, conforme indicou uma pesquisa realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com a Viração Educomunicação. O estudo revelou que 19% dos participantes já enfrentaram dificuldades financeiras para adquirir absorventes e 37% tiveram problemas de acesso a itens de higiene em escolas e locais públicos.

No Dia Internacional da Dignidade Menstrual, celebrado em 28 de maio, o Unicef reforçou a importância de garantir o direito de menstruar de maneira digna, segura e com acesso a itens de higiene para todas as pessoas que menstruam, incluindo meninas, mulheres, homens e meninos trans e pessoas não binárias. A falta de acesso à informação, educação, produtos, serviços, água, saneamento básico e desigualdades sociais, raciais e de renda contribuem para a persistência da pobreza menstrual no país.

Gabriela Monteiro, oficial de participação do Unicef no Brasil, ressaltou a necessidade de garantir esses direitos para combater a pobreza menstrual, que impacta negativamente parte da população que menstrua e contribui para a manutenção de desigualdades, principalmente de gênero. A falta de informação sobre menstruação também gera tabus e constrangimento, como mostrou a pesquisa, na qual 77% dos entrevistados já se sentiram envergonhados em escolas ou lugares públicos por menstruarem.

Além disso, a pesquisa destacou que seis em cada dez pessoas deixaram de ir à escola ou ao trabalho por causa da menstruação, e 86% evitaram atividades físicas pelo mesmo motivo. A desinformação sobre o tema é evidenciada pelo fato de que quase metade dos participantes nunca teve aulas, palestras ou debates sobre menstruação na escola.

Para enfrentar os desafios impostos pela pobreza menstrual, o Unicef promove estratégias de acesso à água, saneamento e higiene, incentiva o desenvolvimento de competências para a vida, o empoderamento das meninas e a distribuição de kits de higiene. A importância de educar sobre a menstruação nas escolas e construir políticas que promovam a dignidade menstrual foi enfatizada por Ramona Azevedo, analista de comunicação na Viração Educomunicação.

Em meio às ações realizadas pelo Unicef no Rio Grande do Sul para atender as vítimas das fortes chuvas e inundações, destaca-se a distribuição de kits de higiene, incluindo itens para a dignidade menstrual, como absorventes, coletores menstruais e calcinhas. A representante do Unicef no Brasil, Gabriela Monteiro, ressaltou a importância de considerar a pobreza menstrual como um fenômeno multidimensional e transdisciplinar, que exige estratégias de enfrentamento específicas, mesmo em situações emergenciais. Os kits chegarão ao estado na próxima semana, para apoiar as pessoas que menstruam em meio à crise.

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