Justiça suspende licitação milionária para festa em município pernambucano em situação de extrema pobreza

A recente suspensão da licitação para a montagem de uma estrutura destinada à festa de Santo Antônio, em Inajá, um dos municípios mais pobres de Pernambuco, gerou polêmica e levantou questionamentos sobre o uso dos recursos públicos na cidade. O prefeito Marcelo de Alberto (PSD), que está concorrendo à reeleição este ano, abriu a licitação no valor de R$ 3,3 milhões, mas teve sua decisão contestada pelo juiz Lucca Sapotiro de Souza Pimentel, da Vara Única de Inajá.

A suspensão da licitação foi motivada por uma ação popular movida pelo advogado José Gaia Torres Ferraz, que argumentou haver uma “disparidade vigorosa de valor” em relação aos gastos com festas anteriores no município. Em 2022, a prefeitura gastou R$ 324 mil na festa de Santo Antônio, enquanto em 2023 o valor subiu para R$ 770 mil. O advogado alega que os R$ 3,3 milhões previstos para este ano representam um valor exorbitante, especialmente considerando a situação de pobreza e precariedade em que vive grande parte da população de Inajá.

Dados do IBGE apontam que mais da metade dos habitantes de Inajá têm uma renda per capita de meio salário-mínimo, a taxa de mortalidade infantil é acima da média estadual e a infraestrutura urbana é bastante precária. Nesse contexto, o advogado argumenta que destinar uma quantia tão alta para uma festa de cinco dias é um uso indevido e uma malversação dos recursos públicos, especialmente considerando que a cidade já possui uma praça de eventos construída em 2022, que se encontra abandonada.

Diante dessas informações, a suspensão da licitação para a montagem do palco da festa de Santo Antônio gerou um debate sobre a priorização dos investimentos públicos em Inajá. Enquanto o prefeito busca promover um evento festivo, a população carente do município enfrenta desafios estruturais e sociais que exigem uma atenção especial por parte das autoridades locais. A decisão judicial de suspender a licitação coloca em evidência a necessidade de uma gestão mais responsável e transparente dos recursos públicos em Inajá.

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