Coordenada pela renomada doutora em saúde pública Sandra Fonseca, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a pesquisa também destacou a desigualdade racial nesse cenário, com a RMM entre as mães pretas alcançando o índice de 220 no mesmo biênio. A mortalidade materna abrange desde o período gestacional até os 42 dias após o parto, englobando todas as situações que envolvem riscos para as mães.
Em um artigo anterior, intitulado “Tendência da mortalidade materna no estado do Rio de Janeiro”, que abrangeu o período de 2006 a 2018, os pesquisadores constataram uma queda lenta na mortalidade materna, com o estado mantendo uma média de cerca de 60 a 70 óbitos de mulheres para cada 100 mil nascidos vivos. O Brasil tem como objetivo diminuir a mortalidade materna para pelo menos 30 por 100 mil até 2030, mas os dados indicam que a meta pode não ser atingida diante da lentidão na redução dos índices.
Sandra Fonseca ressaltou a importância do fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) para reverter esse quadro alarmante, garantindo um pré-natal qualificado e um acompanhamento adequado durante a gestação. A desigualdade racial no acesso ao pré-natal também foi destacada no estudo, evidenciando a necessidade de equidade no sistema de saúde para garantir a segurança e o bem-estar das mulheres gestantes, independentemente de sua cor ou origem.
A pesquisa, que utilizou o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) do Ministério da Saúde como principais fontes de coleta de dados, continua acompanhando os indicadores de saúde das mulheres e das crianças em diferentes regiões do Rio de Janeiro, visando contribuir para a melhoria dos serviços de saúde e a redução das desigualdades que afetam a população feminina e infantil.