Embora não tenha fornecido um número exato de mulheres afetadas por essa situação, Burgos ressaltou a necessidade de acesso a serviços ginecológicos e obstétricos, destacando que apenas “algumas” detentas recebem atendimento devido à escassez de profissionais médicos. Essa situação se tornou mais crítica após o início da ofensiva de Bukele contra as gangues em março de 2022, que resultou em um regime de exceção questionado e contestado.
Esteban Madrigal, advogado do Centro de Direitos Reprodutivos, afirmou que nenhuma política de segurança justifica a violação dos direitos humanos das mulheres, enfatizando que a privação da liberdade não pode ser usada como desculpa para limitar ou negar serviços de saúde. Além disso, Roxana Rodríguez, representante da Assembleia Feminista, sublinhou que as gestantes nas prisões enfrentam dificuldades para realizar exames pré-natais, complicações relacionadas à gravidez e falta de atenção à saúde mental.
Desde o início da ofensiva contra as gangues, mais de 80 mil supostos membros desses grupos criminosos foram detidos, de acordo com as autoridades locais. No entanto, organizações de direitos humanos alertam que muitas dessas prisões podem conter pessoas inocentes, contribuindo para a perpetuação da crise dos direitos humanos em El Salvador. Por outro lado, o governo anunciou a libertação de mais de 7.600 pessoas.
O cenário de descaso com a saúde das mulheres encarceradas em El Salvador reflete um dilema mais amplo relacionado à violação dos direitos humanos, evidenciando a urgência de medidas adequadas para garantir a integridade e dignidade dessas detentas.