O anúncio da identificação dos restos mortais foi feito pelo presidente Luis Lacalle Pou, que destacou o compromisso do governo uruguaio com a busca da verdade e da justiça em relação aos desaparecidos durante a ditadura. O procurador Ricardo Perciballe também se pronunciou, informando que será solicitada a reabertura do caso arquivado, para investigar os responsáveis pelo desaparecimento forçado e assassinato de Amelia.
Amelia Sanjurjo Casal, de 41 anos, foi presa em 1977 pelo Órgão Coordenador de Operações Antisubversivas e levada para um centro clandestino de prisão e tortura. Militante do Partido Comunista e funcionária de uma editora, Amelia estava grávida do seu primeiro filho quando foi detida. Sua identificação só foi possível após coletas de amostras genéticas de familiares de desaparecidos, tanto no Uruguai quanto no exterior.
O caso de Amelia não é isolado. Segundo dados oficiais, cerca de 197 pessoas desapareceram devido às ações atribuídas ao Estado uruguaio durante o período da ditadura. Muitos desses desaparecidos foram presos na Argentina, em um contexto de colaboração entre os regimes militares dos países vizinhos.
A identificação dos restos mortais de Amelia Sanjurjo traz um pouco mais de alívio e paz para a família da militante e para todo o Uruguai, que busca manter viva a memória das vítimas da repressão durante os anos de chumbo. O caso reacende o debate sobre os direitos humanos e a necessidade de esclarecer as violações cometidas durante os períodos de ditadura na América Latina.