Durante a pesquisa, os cientistas identificaram que a acetilcolina, um neurotransmissor, desempenha um papel fundamental nesse processo. Os animais que não desenvolveram a doença apresentaram níveis aumentados de genes receptores de acetilcolina, enquanto o grupo que não recebeu o tratamento teve esses genes suprimidos.
A diretora do Laboratório de Dor e Sinalização do Butantan, Gisele Picolo, responsável pelo estudo, explicou que a acetilcolina é um neuromodulador do sistema nervoso central e que a redução desse neurotransmissor está relacionada a pacientes com esclerose múltipla. Com base nesses resultados, os pesquisadores testaram um fármaco já existente no mercado para Alzheimer, que atua na degradação da acetilcolina, aumentando assim o tempo de ação do neurotransmissor.
Além disso, a equipe utilizou uma nanoestrutura de sílica para encapsular a crotoxina, reduzindo sua toxicidade e permitindo uma administração única e mais eficaz. O tratamento conseguiu diminuir a dor, prevenir a atrofia muscular e a perda de função nos animais tratados.
A esclerose múltipla é uma doença que afeta o sistema nervoso central e pode causar comprometimento motor e dor crônica nos pacientes. Os próximos passos dos pesquisadores incluem investigar se esses tratamentos são capazes de minimizar danos na bainha de mielina, a capa protetora dos axônios.
Com essas descobertas inovadoras, abre-se uma nova perspectiva no tratamento da esclerose múltipla, trazendo esperança para milhares de pacientes que sofrem com essa condição debilitante. O trabalho desenvolvido pelo Instituto Butantan reforça a importância da pesquisa científica na busca por soluções eficazes para doenças complexas e de difícil tratamento.