Derrota iminente: ANC está próximo de perder maioria absoluta após 30 anos de domínio na África do Sul, exigindo formação de coalizões.

O Congresso Nacional Africano (ANC), partido histórico da África do Sul, está enfrentando uma reviravolta nas eleições legislativas, com a apuração de 85% dos votos indicando a perda da maioria absoluta que detém há três décadas. Essa situação obrigaria o ANC a formar alianças para governar em coalizão, algo inédito em sua trajetória política.

Sob a liderança do presidente Cyril Ramaphosa, o ANC obteve 41,12% dos votos, registrando seu pior resultado desde que chegou ao poder em 1994, após o fim do regime do apartheid, com Nelson Mandela como líder emblemático. Em segundo lugar, com 21,95%, está a Aliança Democrática (DA), partido de centro liberal, seguido pelo Partido Umkhonto We Sizwe (MK), criado há seis meses pelo ex-chefe do ANC e ex-presidente Jacob Zuma, que surpreendeu nessas eleições com 13,5% dos votos. Os Lutadores pela Liberdade Econômica (EFF), de esquerda radical, conquistaram 9,4% dos votos, ficando em quarto lugar.

Esses resultados apontam para uma mudança significativa na política sul-africana, que sempre teve os presidentes provenientes do ANC desde 1994. A perspectiva de formar um governo de coalizão se torna iminente, já que o ANC não terá mais maioria absoluta no Parlamento sul-africano. Os desafios de Ramaphosa incluem decidir se buscará alianças à direita ou à esquerda do espectro político, considerando que tanto uma aproximação com a DA quanto com o partido de Zuma ou com os radicais do EFF apresentam obstáculos ideológicos e políticos.

A erosão da confiança no ANC é evidente, com analistas apontando o aumento da criminalidade, pobreza e desigualdade, além dos casos de corrupção que minaram a credibilidade do partido. A participação eleitoral de menos de 60% reflete o descontentamento da população sul-africana com a situação política e econômica do país.

Os resultados finais das eleições estão previstos para serem divulgados até sábado, e a formação do novo governo sul-africano, com 400 deputados na assembleia, promete ser um desafio para o ANC e seus líderes. A África do Sul, uma nação de 62 milhões de habitantes, vive um momento crucial em sua história democrática, com a possibilidade real de uma mudança no cenário político tradicional.

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