Repórter Recife – PE – Brasil

MEC homologa limite de 50% de carga presencial em cursos de formação de professores, especialistas questionam qualidade da modalidade EaD.

O Ministério da Educação (MEC) acaba de homologar o parecer do Conselho Nacional da Educação (CNE) que define que os cursos de formação para professores, como as licenciaturas, terão que ser oferecidos com no mínimo 50% de carga horária presencial. Essa medida visa garantir a qualidade da educação a distância (EAD) para a formação de docentes no Brasil, que tem crescido nos últimos anos, mas tem gerado questionamentos por parte de especialistas.

O documento foi aprovado pelo CNE e aguardava a homologação do ministro Camilo Santana para entrar em vigor. No entanto, a nova norma vem enfrentando resistência por parte de associações de faculdades de EAD, que criticam o limite de aulas a distância e apontam dificuldades para se adequarem ao novo modelo. O governo de São Paulo também ameaçou fechar os cursos de formação de professores a distância da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) caso a regra fosse homologada.

Apesar das críticas e pedidos de mudança, tanto o parecer quanto a resolução que o acompanha foram mantidos na íntegra. A homologação foi publicada no Diário Oficial da União, dando às instituições um prazo de dois anos para se adaptarem à nova norma.

O ministro Camilo Santana já vinha se posicionando contra os cursos não presenciais, especialmente na formação de professores, desde 2023. Ele defende que os cursos que são 100% EAD deveriam ser extintos. O documento traz diretrizes atualizadas para a formação inicial em nível superior do magistério da educação escolar básica, estabelecendo que parte das horas de formação pode ser realizada a distância, desde que se mantenha a qualidade do ensino.

A medida visa garantir que a formação dos futuros professores seja mais eficaz e reflexiva, focando em uma base sólida de conhecimentos que só pode ser adquirida por meio do contato presencial. O presidente do CNE, Luiz Curi, elogiou a homologação, destacando-a como uma política pública estratégica para o Brasil.

Com o aumento da oferta de cursos EAD no Brasil desde os anos 2000, a regulamentação se faz necessária para assegurar a qualidade da formação dos profissionais da educação. O decreto do presidente Michel Temer em 2017, que flexibilizou a abertura de polos de EAD, impulsionou o crescimento das graduações nesse modelo, que aumentaram em 700% entre 2012 e 2022, conforme dados do MEC.

No entanto, em dezembro, o MEC suspendeu a autorização de novos cursos a distância em 17 áreas, incluindo Direito, Medicina e licenciaturas. A medida visa garantir que apenas instituições com alta qualidade sejam autorizadas a oferecer cursos EAD. A Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) manifestou preocupação com as possíveis consequências da nova norma, alertando para a escassez de professores formados nos próximos anos no país.

Diante disso, a adaptação das instituições de ensino à nova regra será um desafio, especialmente para aquelas que oferecem cursos de licenciatura a distância. O debate sobre a qualidade da formação dos professores continua em pauta, com diferentes visões sobre a eficácia do ensino a distância nessa área tão crucial para a sociedade.

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