Relator entrega parecer da PEC da Autonomia do Banco Central na CCJ do Senado; proposta recebe apoio de 42 senadores.

Nesta quarta-feira (5), o senador Plínio Valério (PSDB-AM) entregou o parecer da Proposta de Emenda à Constituição 65/2023 (PEC) na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. A PEC tem o objetivo de conceder autonomia orçamentária e financeira ao Banco Central (BC), transformando-o de uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Fazenda em uma empresa pública com personalidade jurídica de direito privado.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, defende a autonomia da instituição, que até o momento não teve uma manifestação oficial do Executivo sobre o tema. A proposta recebeu o apoio de 42 senadores e para ser aprovada no plenário do Senado, será necessário obter o voto de 49 senadores em dois turnos.

Plínio Valério justifica a autonomia proposta afirmando que ela é necessária para que o Banco Central possa desenvolver suas atividades sem “constrangimentos financeiros”. Com a autonomia, o orçamento do BC não dependeria mais dos repasses do Tesouro Nacional, podendo usar suas receitas próprias para custear despesas com pessoal, custeio, investimentos, entre outros.

Além disso, a proposta impõe limites para os gastos com servidores, com reajustes salariais limitados à inflação para evitar o crescimento da rubrica orçamentária. Reajustes acima da inflação dependerão de autorização do Senado. A PEC também prevê que os servidores passem a ser empregados públicos regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com regras que impedem demissões sem motivos.

Porém, a proposta tem gerado divergências entre os servidores do Banco Central. O Sindicato Nacional dos Funcionários do BC argumenta que a medida afasta a instituição do Executivo, dificultando a coordenação das políticas monetária e fiscal. Já a Associação Nacional dos Analistas do BC defende a PEC, alegando que os cortes orçamentários têm prejudicado os serviços prestados pela instituição.

O doutor em Economia Paulo Kliass avalia a PEC como uma tentativa de conceder uma independência total ao Banco Central, tornando-o um espaço independente do Executivo e fora do controle do Legislativo e Judiciário. A proposta, se aprovada, trará mudanças significativas para o funcionamento e estrutura do Banco Central.

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