Palestinos no limbo do Cairo: desorientados e sem ajuda, vivem em situação precária após fugirem de Gaza

Dezenas de milhares de palestinos vivem em um cenário de limbo no Cairo, desorientados e sem saber a quem recorrer para obter ajuda. É o caso de Raghad Shbeir, uma jovem que fugiu de Gaza e relata: “Nós perdemos tudo”. Aos 22 anos, Shbeir conta que entrou em contato com várias organizações, mas em vão. Algumas nunca responderam, outras pediram para que aguardassem.

Para grande parte desses palestinos, o principal obstáculo é o estatuto legal no Egito, onde possuem permissão de residência de apenas 45 dias. Sem emprego ou renda, muitos contam com a ajuda de parentes que vivem no Cairo para obter abrigo, enquanto outros recorrem a ONGs sobrecarregadas ou redes de ajuda.

Nassim Touil, um americano de 26 anos que coordena uma campanha de ajuda, destaca que os palestinos necessitam de tudo, desde dinheiro para gastos diários até alimentos, medicamentos e roupas. Ele ressalta que muitos mal conseguem pagar por um exame médico, após meses vivendo em situações precárias.

Mohanad al Sindawy, um homem de 23 anos nascido no sul de Gaza, agora vive no Cairo perto do aeroporto. Cada vez que escuta um avião, ele entra em pânico, lembrando-se da guerra. Até mesmo ações cotidianas, como tomar banho, evocam a destruição e o medo. Sindawy poderia obter um trabalho remoto, pois administrava uma empresa de marketing digital em Gaza, mas seu estado psicológico o impede de se concentrar.

Desde o início da guerra em Gaza, o Egito recebeu quase 100 mil palestinos que fugiram do território, muitos deles deslocados diversas vezes antes de chegar ao Cairo. A situação de limbo e desamparo é tão grave que muitos vivem diante da representação palestina aguardando aprovação para solicitações de ajuda.

Ficar no Egito não é uma opção viável para os palestinos. Apesar do sentimento de solidariedade por parte do governo egípcio, a falta de proteção legal e permissões de trabalho dificulta a vida desses refugiados. Para eles, resta a espera por um cessar-fogo que possibilite perspectivas para o futuro e a retomada de suas vidas em meio à incerteza e ao sofrimento provocados pela guerra em Gaza.

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