Governo na Argentina fecha braços do Estado dedicados a enfrentar feminicídios e corta verbas de programas de proteção às mulheres

Na Argentina, a cada 35 horas, uma mulher perde a vida vítima de feminicídio. Ao longo do último ano, 272 mulheres encontraram um trágico destino nas mãos da violência de gênero. O governo liderado por Javier Milei, alinhado à ultradireita, tem adotado medidas que vão na contramão do combate a esse alarmante problema, reduzindo orçamentos e fechando órgãos voltados para a proteção das mulheres.

Essas ações têm sido duramente criticadas por organizações feministas e de direitos humanos, tanto no âmbito local quanto internacional. A posição de Milei e seus colaboradores em relação ao feminismo e à chamada “ideologia de gênero” serve como um diferencial em meio aos seus adversários políticos, conquistando o apoio de parte de sua base de eleitores, especialmente homens jovens.

O fechamento do Ministério das Mulheres, Gêneros e Diversidade e da subsecretaria de Proteção contra Violência de Gênero faz parte de uma série de medidas adotadas pelo governo de Milei para enxugar a máquina estatal. No entanto, as estatísticas revelam que o problema do feminicídio na Argentina está longe de ser resolvido. No último ano, foram identificadas 250 vítimas diretas de feminicídio, além de 22 vítimas de feminicídio vinculado. Esses números representam um aumento de 11% em relação ao ano anterior e evidenciam a gravidade da situação.

A decisão do governo de desmontar as estruturas voltadas para o combate à violência de gênero tem sido questionada por entidades da sociedade civil, tais como Anistia Internacional e o Centro de Estudos Legais e Sociais. Essas organizações enfatizam a importância das políticas públicas para o enfrentamento da violência de gênero e apelam para que o governo argentino reveja suas atitudes e priorize a proteção das mulheres.

O fechamento de programas como o Acompanhar, que oferecia apoio a mulheres vítimas de violência, e do Programa Registradas, que buscava formalizar trabalhadoras domésticas, são apenas alguns exemplos das consequências das medidas adotadas pelo governo Milei. A falta de investimento em políticas de gênero e igualdade pode gerar um aumento nos casos de violência, alertam especialistas na área.

Diante desse cenário, a sociedade argentina enfrenta um retrocesso na agenda de proteção aos direitos das mulheres e na luta contra a violência de gênero. O desmonte das estruturas destinadas a essa temática levanta preocupações e põe em risco a segurança e a integridade das mulheres no país. A pressão por mudanças e por políticas efetivas nesse sentido deve persistir, a fim de garantir uma sociedade mais justa e igualitária para todas.

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