Repórter Recife – PE – Brasil

Câmara dos Deputados aprova urgência para projeto que equipara aborto a homicídio após 22 semanas de gestação.

A Câmara dos Deputados acendeu a polêmica ao aprovar, na última quarta-feira (12), o pedido de urgência para o Projeto de Lei nº 1.904/2024, que propõe equiparar o aborto realizado acima de 22 semanas de gestação ao crime de homicídio simples. Segundo os defensores da proposta, a ausência de limites gestacionais no Código Penal não significa que o legislador pretendia permitir a prática até o nono mês da gestação.

O projeto estabelece um prazo máximo de 22 semanas de gestação para os abortos legais, restringindo as situações em que o procedimento seria permitido por lei. Atualmente, o aborto é autorizado em casos de estupro, risco de vida à mulher e anencefalia fetal, sem uma limitação temporal específica. A proposta, se aprovada, impõe penas mais severas para aqueles que realizarem abortos após o prazo estipulado, equiparando a punição à do homicídio simples.

A questão é ainda mais delicada devido à proibição do Conselho Federal de Medicina (CFM) em relação à técnica de assistolia fetal, recomendada pela Organização Mundial da Saúde para abortos acima de 20 semanas. A resolução do CFM, que foi posteriormente suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, gerou um impasse sobre a legalidade do procedimento e reacendeu o debate sobre os limites da legislação em relação ao aborto.

Além disso, o projeto de lei propõe que o juiz tenha a possibilidade de avaliar cada caso individualmente e mitigar a pena, levando em consideração as circunstâncias específicas. No entanto, a proposta coloca em xeque a garantia dos direitos das mulheres e ressalta a necessidade de um debate amplo e inclusivo sobre a questão.

Diante da repercussão do PL 1.904/2024, a sociedade se divide entre defensores e opositores da proposta, que promete gerar intensos debates não apenas no âmbito parlamentar, mas também nas esferas sociais e jurídicas do país. A controvérsia em torno do projeto evidencia a complexidade e a sensibilidade do tema do aborto, que demanda uma discussão aprofundada e respeitosa para encontrar soluções que garantam os direitos das mulheres e o respeito à vida.

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