Ginecologista que defende aborto legal enfrenta protestos por interrupção de gestação de menina de 10 anos no Espírito Santo

O ginecologista Olímpio Moraes, defensor do aborto legal, tem sido alvo de intensas críticas e protestos por sua atuação no hospital da Universidade de Pernambuco. Recentemente, ele foi recebido sob gritos de “assassino” ao chegar para interromper a gestação de uma menina de 10 anos, do Espírito Santo, em um caso que ganhou repercussão nacional. No entanto, Moraes manteve sua postura firme e determinada, afirmando que é preciso falar sobre o assunto, mesmo diante das adversidades.

O médico afirmou que não será omisso e que o silêncio não combina com sua postura profissional. Ele está à frente de um dos poucos serviços no país que realiza abortos legais após as 22 semanas de gestação, o que tem gerado polêmica e debates acalorados. Atualmente, um projeto de lei tramita na Câmara dos Deputados equiparando o aborto a crime de homicídio, o que tem deixado Moraes apreensivo.

Em uma entrevista ao jornal Globo, o ginecologista explicou os motivos pelos quais defende o aborto legal, mesmo em casos avançados de gestação. Ele criticou a falta de experiência de certos políticos em lidar com questões de saúde e afirmou que é fundamental ouvir as pessoas que estão na linha de frente, como os profissionais de saúde.

Moraes ressaltou a importância do aborto legal em casos de estupro, principalmente envolvendo crianças e adolescentes, que muitas vezes são vítimas de violência sem nem mesmo compreenderem o que está acontecendo. Ele explicou que não há um limite legal para a realização do aborto nesses casos e que a assistência médica deve ser ágil para evitar complicações e riscos à saúde das pacientes.

Além disso, o médico destacou a importância de garantir o acesso ao aborto em casos de risco de morte para a mulher, bem como em situações de má formação fetal incompatível com a vida. Ele também abordou a questão da assistolia fetal, um procedimento utilizado em fetos acima de 20 semanas para evitar que nasçam vivos e sofram.

No Brasil, a oferta de serviços de aborto legal é limitada e desigual, com apenas 3,6% dos municípios dispondo desse tipo de atendimento. Moraes defendeu a necessidade de expandir e democratizar o acesso a esses serviços, garantindo o direito das mulheres à saúde reprodutiva e ao planejamento familiar.

Diante de todo o debate em torno do aborto legal, o papel dos médicos e a importância de respeitar a autonomia e os direitos das mulheres continuam sendo temas centrais nas discussões sobre saúde pública e direitos reprodutivos no Brasil.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo