Falta de olhar para o trabalho do cuidado por idosas em áreas rurais dificulta identificação de violência contra mulheres

A falta de um olhar mais atento para o trabalho de cuidado prestado por idosas em situações análogas à escravidão em áreas rurais tem dificultado a identificação de violência contra essa parcela de mulheres, destacou a procuradora do Ministério Público do Trabalho, Juliane Monetti. Com uma vasta experiência de 15 anos combatendo esse tipo de trabalho, a procuradora ressaltou que, antigamente, era mais comum encontrar homens em condições análogas à escravidão durante operações de fiscalização em áreas rurais, mas o resgate de mulheres nessa situação era pouco frequente.

Segundo Juliane, as mulheres geralmente desempenham funções no âmbito doméstico, como na cozinha das próprias casas para alimentar os trabalhadores das propriedades, o que muitas vezes as exclui da condição de trabalho análogo à escravidão, uma vez que são consideradas parte da família. No entanto, a procuradora ressalta que a realização desses serviços também configura um trabalho e que é necessário ampliar o olhar para esse tipo de situação.

Um exemplo emblemático desse cenário é o caso de Maria de Moura, uma idosa de 87 anos resgatada em situação análoga à escravidão após 72 anos trabalhando como doméstica para uma família. A história de Maria evidencia como a exploração do trabalho doméstico de idosas é uma realidade cruel que perdura ao longo dos anos.

A procuradora também ressaltou a importância de denúncias para combater essas práticas e garantir os direitos trabalhistas e humanos das mulheres envolvidas nesse tipo de exploração. No caso de Maria de Moura, o Ministério Público Federal está responsabilizando os patrões da idosa, a fim de garantir o ressarcimento devido e punir os responsáveis por essa grave violação de direitos.

Outros casos semelhantes de exploração de idosas em situações de trabalho doméstico foram citados pela procuradora, ressaltando a importância de conscientizar a sociedade sobre essa realidade e incentivar a denúncia de tais práticas. A luta pelo combate ao trabalho análogo à escravidão é fundamental para garantir a dignidade e os direitos básicos de cidadania de todas as pessoas, independentemente da idade, gênero ou condição social.

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