Durante o período de análise, foram examinadas 96 audiências de custódia, realizadas entre os dias 10 de janeiro e 3 de junho de 2024. Dessas, em 56 casos não houve envio das imagens solicitadas à Defensoria Pública pelos batalhões responsáveis. Somente em 40 situações houve resposta, e, nesses casos, foram identificadas oito situações em que os policiais removeram as câmeras dos uniformes e quatro em que tentaram encobrir o equipamento, prejudicando o registro das ações.
A análise também apontou que em 11 casos houve indícios de violência durante as abordagens policiais. Diante desses dados preocupantes, a reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo em busca de esclarecimentos.
Em resposta aos problemas identificados, o governo de São Paulo lançou um edital para a aquisição de novas câmeras corporais para a Polícia Militar, visando ampliar o número de equipamentos. No entanto, o edital apresenta alterações significativas no sistema de monitoramento, como a necessidade de acionamento das câmeras pelo próprio agente ou de forma remota pelo comando da PM.
Essas mudanças, no entanto, têm sido alvo de críticas por parte de especialistas e entidades de defesa dos direitos humanos, que alegam que a funcionalidade de gravação ininterrupta foi extinta, comprometendo a eficácia do programa. O Ministério da Justiça e Segurança Pública estabeleceu diretrizes sobre o uso de câmeras corporais, sendo obrigatórias para as forças de Segurança Públicas federais. A adesão dos estados a essas diretrizes é voluntária, mas determinante para obter acesso aos recursos disponibilizados pelo governo federal.