De acordo com a Polícia Civil de São Paulo, pelo menos 28 hotéis e hospedarias na região central fazem parte de um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. A investigação resultou na autorização de 140 mandados de busca e apreensão, com a interrupção das atividades econômicas dos estabelecimentos sob investigação. Os locais também são apontados como esconderijos de drogas, auxiliando o tráfico na região.
O entorno das estações de metrô e trens da Luz e Julio Prestes contam com vários hotéis e pensões de baixo custo, que atendem principalmente uma população extremamente carente. Pessoas em situação de rua frequentam esses estabelecimentos em busca de pernoites, um banho ou para práticas como prostituição e consumo de drogas.
O hotel ocupado pelo projeto TTT sofreu intervenção policial, desfazendo o trabalho de melhorias promovido pelos próprios beneficiários do projeto. O trabalho desenvolvido pelo grupo busca garantir a moradia como base para oferecer assistência médica, jurídica, social e inserção em projetos de geração de renda.
O proprietário do hotel negou as acusações de envolvimento com o crime organizado e alega que as diárias de R$ 30 a R$ 40 são destinadas a pessoas em situação de rua. Com a pressão da operação policial, o proprietário viu sua filha, de apenas 6 anos, sendo hostilizada na escola devido à repercussão do caso. Ele afirma que não escolheu ter usuários de drogas como hóspedes e que está regularizando o pagamento de impostos em atraso junto à Receita Federal.
O psiquiatra Flávio Falcone, fundador do projeto, busca agora realocar os beneficiários em outro hotel que não esteja sujeito ao risco de fechamento iminente. Para Falcone, a moradia é essencial para oferecer cuidado e trabalhar a autonomia das pessoas em situação de vulnerabilidade social. Ainda há muitas incertezas quanto ao futuro não só do projeto, mas também das pessoas assistidas por ele.