Restaurante das Irmãs: Símbolo de Desafio na Venezuela às Vésperas de Eleições Competitivas

No estado de Guárico, na Venezuela, um modesto restaurante foi o centro das atenções recentemente. Tudo começou quando um carro parou em frente ao estabelecimento e o motorista, empolgado, gritou: “Vocês são aquelas que tiveram o negócio fechado pelo governo? Quero tirar uma foto com vocês!”. Esse episódio marcou o início de uma reviravolta na vida de Corina Hernández, de 44 anos, e sua irmã Elys, proprietárias do restaurante.

As irmãs Hernández se tornaram figuras políticas populares de maneira inesperada em um momento crucial para a Venezuela, que se prepara para eleições acirradas. Tudo isso porque venderam 14 marmitas e algumas empanadas para a principal figura da oposição do país. Logo depois, o governo deu uma resposta rápida, ordenando o fechamento temporário do restaurante das irmãs.

Esse acontecimento ganhou grande repercussão na internet e transformou as irmãs em símbolos de resistência para os venezuelanos que estão cansados do autoritarismo dos líderes locais. Além disso, as irmãs ganharam muitos seguidores nas redes sociais, além da Venezuela, e até rebatizaram seus quitutes como “empanadas da liberdade”.

No entanto, o caso das irmãs Hernández não é isolado. Outros estabelecimentos que ofereceram serviços cotidianos para a principal opositora política do presidente Nicolás Maduro, María Corina Machado, também sentiram a pressão do governo. Nos últimos dias, operadores de equipamento de som, caminhoneiros e comerciantes foram alvo de perseguições e repressões por parte das autoridades.

Para muitos observadores políticos, esses episódios de intimidação são indícios claros de que o governo busca reprimir a oposição e mostrar sua força. As eleições, marcadas para 28 de julho, representam um desafio significativo para os 11 anos de Maduro no poder, com a oposição unida em torno de Corina Machado e seu candidato, Edmundo González. Pesquisas indicam que a maioria dos venezuelanos pretende votar em González, frustrados com a situação de fome, pobreza e imigração no país.

As irmãs Hernández, que administram o Pancho Grill em uma cidade no sul da Venezuela, em uma região muito pobre, acabam tendo sua história como um exemplo da crise econômica e social que afeta o país. Em meio à escassez e dificuldades, elas transformaram uma maldição em benção, tornando-se símbolos de resistência em um momento crucial para a Venezuela.

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