Repórter Recife – PE – Brasil

Presidente da Funai defende continuidade das ações para proteger território indígena dos Yanomami e combater garimpo ilegal.

Em uma coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (18), a presidente da Fundação nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana, fez importantes declarações sobre a situação no território indígena dos Yanomami. Joênia ressaltou a urgência da continuidade das ações para garantir a integridade da população indígena e a remoção do garimpo ilegal que ainda persiste na região.

Nos últimos anos, a invasão de garimpeiros e a presença de invasores no território Yanomami têm agravado a crise enfrentada pelo povo indígena. A crise humanitária vivida pelos cerca de 27 mil indígenas na região chegou a um ponto crítico em janeiro do ano passado, quando casos de fome, doenças e mortes foram amplamente divulgados, gerando comoção nacional.

Joênia enfatizou a importância de ações contínuas para retirar garimpeiros ilegais e combater o comércio ilegal de ouro na região. Ela destacou que é fundamental não apenas destinar recursos financeiros, mas também fornecer estruturas físicas necessárias para que os servidores possam exercer seu trabalho com segurança.

Dados do Ministério dos Povos Indígenas indicam que somente em 2022, 99 crianças Yanomami com menos de 5 anos morreram, em sua maioria vítimas de desnutrição, pneumonia e diarreia. A Terra Yanomami abrange mais de 9 milhões de hectares, estendendo-se pelos estados de Roraima e Amazonas, sendo a maior reserva indígena do país.

Diante desse cenário preocupante, o governo federal tomou medidas, como a decretação da situação de emergência de saúde pública no território e a abertura de um inquérito pela Polícia Federal para apurar possíveis crimes contra os Yanomami. Um ano após a declaração de emergência, a situação do povo Yanomami ainda era crítica, com problemas de saúde persistentes e a presença contínua do garimpo na região, de acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Para lidar com essa crise humanitária, o governo federal estabeleceu uma estrutura permanente na Casa Civil da Presidência, visando coordenar ações e serviços direcionados aos indígenas Yanomami. Para o ano de 2024, o orçamento previsto para essas ações é de R$ 1,2 bilhão.

Joênia participou de uma reunião da comissão externa da Câmara dos Deputados para acompanhar a situação dos Yanomami. O colegiado foi criado este ano e tem sido alvo de críticas de grupos indígenas, que apontaram sua composição inicial como contrária aos interesses dos povos indígenas. Após pressão, a parlamentar indígena Célia Xakriabá foi incluída na comissão.

A presidenta da Funai ressaltou a importância de ações emergenciais, como a distribuição de cestas básicas, que são entregues via helicóptero devido à vastidão do território indígena. Além disso, Joênia alertou sobre a contaminação por mercúrio, que representa um grave desafio para a segurança alimentar dos Yanomami.

O trabalho da Funai inclui o desenvolvimento de projetos de piscicultura e pesca artesanal para contribuir com a segurança alimentar na terra indígena Yanomami. Joênia reiterou a importância de apoiar os povos indígenas para resgatar sua dignidade e respeitar suas garantias constitucionais.

Em um cenário marcado pela exploração ilegal de recursos naturais e desrespeito aos direitos indígenas, a atuação da Funai e de outros órgãos do governo federal se mostra crucial para proteger e preservar a cultura e o bem-estar dos povos Yanomami. A continuidade das ações e o fortalecimento das políticas de proteção aos indígenas são essenciais para combater a crise humanitária enfrentada por essas comunidades.

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