Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) revelou que produtos e tecnologias desenvolvidos a partir de 66 plantas endêmicas do bioma resultaram no registro de 118 patentes entre os anos de 2000 e 2021. No entanto, apenas 21 dessas patentes foram desenvolvidas e registradas no Brasil, com destaque para a China, detentora de 54 registros, seguida pelos Estados Unidos (15), países europeus (sete) e Japão (três).
Duas espécies, a sálvia flor-de-cardeal e a gloxínia, foram as mais patenteadas, com 34 e sete registros respectivamente, embora nenhuma delas tenha produtos ou tecnologias patenteados no Brasil. A pesquisadora Celise Villa dos Santos, do INMA, destacou a importância de mecanismos para controle, acesso e proteção dos recursos genéticos brasileiros, levantando a questão da origem do patrimônio genético em patentes e a dificuldade em identificar possíveis atividades de biopirataria.
O estudo também identificou 1.148 patentes de 72 espécies de plantas nativas não endêmicas à Mata Atlântica, sendo que o Brasil detém apenas 21 dessas patentes, representando 2% do total. Celise ressaltou que a inovação tecnológica pode impulsionar a economia do país, especialmente na área de biotecnologia, dada a diversidade de espécies nos biomas brasileiros e o conhecimento das comunidades tradicionais.
Recentemente, o governo brasileiro lançou a Estratégia Nacional de Bioeconomia, que visa desenvolver cadeias de produtos sustentáveis por meio da utilização de recursos biológicos e tecnologia avançada. A proteção da biodiversidade e o incentivo à inovação são fundamentais para garantir o desenvolvimento sustentável do país, aproveitando todo o potencial das riquezas naturais existentes na Mata Atlântica e em outros biomas brasileiros.