Há 15 anos, o magnata egípcio Ibrahim al-Organi estava preso no Egito, sofrendo “tortura severa” por parte de policiais de alto escalão. Hoje, aos 50 anos, ele se tornou um dos aliados mais próximos do presidente Abdel Fattah al-Sisi e das Forças Armadas egípcias, construindo um vasto império empresarial e exercendo influência significativa sobre o movimento de pessoas e mercadorias que entram e saem de Gaza.
Desde o início da guerra em Gaza, al-Organi tem faturado milhões de dólares com a chamada “lista VIP” de refugiados, sendo apelidado de “Rei das Travessias”. Com a crise humanitária e o risco de fome iminente na Faixa de Gaza, um número crescente de palestinos tem buscado escapar dos horrores do conflito, sendo que a única saída do território passa pela empresa Hala Tourism Services, pertencente a al-Organi.
A companhia, fundada em 2019, é responsável por registrar os nomes dos palestinos na lista egípcia de viajantes aprovados para entrar no país e operar o transporte na fronteira. Com as fronteiras rigidamente controladas, a Hala cobra taxas exorbitantes que aumentaram mais de 1.900% desde o início da guerra, chegando a valores entre US$ 5 mil e US$ 10 mil por pessoa.
A empresa faturou em média US$ 2 milhões por dia em abril, com previsão de lucrar mais de meio bilhão de dólares até o final do ano. Em uma entrevista ao New York Times, al-Organi negou os valores apontados e descreveu a Hala como uma companhia de turismo comum. Nascido em 1974, ele é membro da tribo beduína Tarabin e construiu seu império após sair da prisão e se tornar líder da milícia no Sinai.
A União das Tribos do Sinai, da qual al-Organi é presidente, foi fundamental no combate aos grupos terroristas da região. Sob seu comando, a milícia se tornou mais institucionalizada e derrotou afiliados ao Estado Islâmico em 2022. O magnata também lidera outras empresas, como a Sons of Sinai, que monopoliza o transporte de mercadorias em Gaza.
Além disso, a Neom for Real Estate Development, outra empresa de al-Organi, assinou acordos com o governo do leste da Líbia para participar da reconstrução de Derna após as inundações. O Grupo Organi também inclui uma empresa de segurança, a Itous, que supervisiona eventos esportivos. Com sua ascensão meteórica e influência crescente, Ibrahim al-Organi se tornou uma figura central no cenário político e econômico do Oriente Médio.
