Engenheiro egípcio de 60 anos faz peregrinação hajj em Meca sem permissão e teme pela vida da esposa desaparecida.

Um engenheiro egípcio de 60 anos, Yaser, realizou a peregrinação hajj em Meca na semana passada sem a permissão que vinha solicitando há anos. Uma atitude que, infelizmente, ele lamenta amargamente hoje. Mesmo tendo sobrevivido aos exaustivos rituais do hajj, Yaser se perdeu de sua esposa, Safa, e teme que ela esteja entre as mais de 1.100 pessoas mortas, a maioria egípcios não autorizados, devido ao calor sufocante.

“Procurei por ela em todos os hospitais de Meca”, disse o homem à AFP durante uma entrevista por telefone. Hospedado em um hotel, Yaser reluta em fazer as malas da esposa, afirmando que se recusa a acreditar que ela tenha morrido. O drama se intensifica quando Yaser relata as dificuldades que enfrentou por não ter uma autorização para participar do hajj. Ele teve que pagar tarifas exorbitantes para utilizar os ônibus oficiais, enfrentando longas horas de caminhada e oração sob o sol escaldante.

Mas Yaser não foi o único peregrino a enfrentar dificuldades. Outros egípcios clandestinos narraram suas experiências durante os rituais em Mina, descrevendo cenas dramáticas e mortes por exaustão. Mohamed, de 31 anos, afirmou ter visto corpos no chão e pessoas desmaiando repentinamente. A situação se tornou ainda mais dramática quando uma mulher egípcia viu sua mãe morrer antes mesmo que a ambulância chegasse para socorrê-la.

Todo esse caos resultou em mais de 1.100 mortos, incluindo muitos egípcios clandestinos que não tiveram acesso às tendas climatizadas disponíveis para enfrentar as altíssimas temperaturas. As autoridades sauditas afirmam que o Estado não falhou, mas admitiram um erro de julgamento por parte daqueles que subestimaram os riscos da situação. A peregrinação hajj é um dos cinco pilares do islã, reunindo este ano 1,8 milhão de fiéis, 1,6 milhão deles estrangeiros.

No entanto, as permissões são concedidas por meio de um sistema de cotas por país e, em alguns casos, como o do Egito, são sorteadas entre os fiéis. Muitos optam por circuitos não oficiais devido aos preços elevados das agências de viagens credenciadas. O número de peregrinos não autorizados chega a cerca de 400.000, um grande desafio para as autoridades sauditas.

Diante de tantas tragédias e dramas, fica evidente a necessidade de melhorias na organização e segurança da peregrinação hajj em Meca, visando evitar novas perdas e sofrimentos para os fiéis muçulmanos que participam deste ritual sagrado. O hajj, apesar de sua importância religiosa, não pode ser palco de tragédias evitáveis. Resta agora às autoridades e à comunidade muçulmana refletirem e agirem para garantir que todos os peregrinos possam realizar a jornada de forma segura e tranquila.

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