Silos transbordam na região agrícola de Buenos Aires enquanto produtores aguardam por medidas de Javier Milei para eliminar impostos.

Na pujante região agrícola de Buenos Aires, os produtores enfrentam um dilema ao verem seus silos transbordarem ao final da colheita. Diante da expectativa do presidente ultraliberal Javier Milei eliminar impostos e restrições cambiais, muitos deles adiam as vendas na esperança de obter maior retorno financeiro.

Em Lobos, a 110 km ao sudoeste de Buenos Aires, o cenário descrito por Ricardo Semino, agricultor local, é de silos cheios e vendas sendo realizadas apenas para cobrir os custos mais imediatos. A região da pampa úmida, dedicada à colheita de milho e ao plantio de trigo, é palco deste embate entre o desejo dos produtores e a realidade econômica do país.

A safra de grãos na região é prevista para atingir 131,1 milhões de toneladas, um aumento significativo em relação ao ano anterior, que foi afetado por uma severa seca. No entanto, os baixos preços internacionais e a defasagem cambial têm levado os agricultores a postergarem a venda de sua produção, o que impacta diretamente nas expectativas do presidente Milei em relação aos frutos da primeira colheita sob seu governo.

A Argentina, conhecida como o celeiro do mundo, é o terceiro maior produtor de soja, atrás apenas dos Estados Unidos e do Brasil. Com 70% de sua produção agroindustrial destinada à exportação, o país depende significativamente do setor agrícola para gerar receitas fiscais e fortalecer suas reservas monetárias.

Embora o volume de produção agrícola tenha aumentado em 60% em relação ao ano anterior, o valor das exportações cresceu menos de 23%, refletindo a complexa situação econômica enfrentada pelos produtores argentinos. A especulação em torno dos grãos armazenados em silos tem sido uma estratégia adotada pelos agricultores, que buscam aproveitar melhores oportunidades de mercado.

Entretanto, as promessas do presidente Milei em relação ao campo não têm se concretizado conforme o esperado. O aumento de impostos e as incertezas no mercado cambial têm gerado preocupações entre os agricultores, que veem os custos de produção aumentarem significativamente. A instabilidade econômica e as expectativas em relação a uma possível unificação do câmbio são os principais desafios enfrentados pelo setor agrícola argentino neste momento.

Apesar das dificuldades, o setor agrícola argentino demonstra resiliência e continua prospectando novos cenários. A incerteza econômica não tem impedido o avanço das atividades agrícolas, com projeções indicando um aumento de 40% na safra de trigo. Os produtores, acostumados a superar desafios, seguem em frente na expectativa de melhores condições para o setor no futuro.

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