Violência de gangues no Haiti deixa vítimas desamparadas e sem tratamento médico adequado em Porto Príncipe, agravando crise humanitária.

Olivier Vilminio, um haitiano de 31 anos e pai de duas meninas, tem uma vida marcada pela violência das gangues em Porto Príncipe. Ele sofreu não apenas uma, mas duas vezes pelas mãos dessas organizações criminosas. Primeiro, foi atingido por tiros na perna e no ânus, deixando-o com sequelas permanentes que o obrigam a andar com muletas. E a segunda vez foi quando as gangues atacaram o hospital onde estava internado, forçando-o a abandonar o local.

Os tratamentos de que Vilminio precisa são caros ou simplesmente não estão disponíveis na capital do Haiti. Isso o coloca em uma situação de constante dor e sofrimento. Ele relata que acabou a medicação que deveria tomar e que o analgésico tramadol, essencial para o seu tratamento, é muito caro, custando 750 gurdas por pacote, o equivalente a pouco mais de cinco dólares e meio.

Assim como Vilminio, muitos outros moradores de Porto Príncipe enfrentam dificuldades para receber cuidados médicos adequados devido à crise de segurança, humanitária e política que assola o país. A violência entre gangues fez com que o número de deslocados internos aumentasse significativamente nos últimos meses.

Recentemente, autoridades de transição foram criadas no Haiti com o objetivo de restaurar a estabilidade no país. Essa missão se mostra desafiadora considerando que as gangues controlam grande parte da capital e já atacaram hospitais, instituições governamentais e prisões em diversas ocasiões.

A situação dos hospitais também é crítica. A escassez de combustível para geradores e a falta de recursos têm impactado diretamente a capacidade de atendimento à população. Muitos pacientes, como Vilsaint Lindor, acabam se tornando vítimas indefesas da violência e da falta de assistência adequada.

Jean Philippe Lerebourg, diretor médico do Hospital La Paix, relata as dificuldades enfrentadas pela instituição para manter suas portas abertas e atender à crescente demanda por cuidados médicos.

Em meio a esse cenário devastador, a chegada de um contingente policial queniano para auxiliar no combate à violência das gangues traz um fio de esperança para os haitianos que lutam diariamente para sobreviver em meio ao caos. A situação de Olivier Vilminio e de tantos outros haitianos é apenas um reflexo da tragédia que assola o país caribenho.

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