Julgamento do brasileiro Fernando Sabag Montiel por tentativa de homicídio de Cristina Kirchner choca a Argentina e rompe limite político.

Nesta quarta-feira, a justiça argentina deu início ao julgamento pela tentativa de homicídio da ex-vice-presidente Cristina Kirchner em 2022. O caso envolve o brasileiro Fernando Sabag Montiel, que disparou o gatilho a centímetros do rosto da então política, em uma ação que chocou a sociedade e ultrapassou limites políticos.

O julgamento concentra-se nos três acusados principais: o agressor, sua ex-namorada e seu empregador como vendedores ambulantes. No entanto, não aborda possíveis ideólogos ou apoios financeiros, o que Kirchner solicitou para ser investigado em uma causa paralela.

“A investigação ainda está incompleta, já que precisamos saber mais sobre as verdadeiras motivações por trás do ocorrido e se outras pessoas estão envolvidas”, afirmou Marcos Aldazábal, um dos advogados de Kirchner. Ele ressaltou a importância de conhecer os antecedentes do caso durante as audiências que acontecerão semanalmente, ao longo de um processo que pode se estender por um ano e contará com mais de 300 testemunhas, incluindo a própria vítima.

O agressor, um vendedor de doces, atacou Kirchner em setembro de 2022, perto de sua residência em Buenos Aires. No momento do ataque, a política estava sendo julgada por suposta fraude durante sua presidência. O brasileiro puxou o gatilho duas vezes, mas as balas não saíram, o que levou à sua prisão no local. Sua ex-namorada e seu empregador também foram presos e enfrentam acusações relacionadas ao caso.

Após o ataque, Kirchner recebeu mensagens de solidariedade de diversos líderes mundiais, incluindo o Papa Francisco. O incidente provocou uma onda de manifestações públicas em repúdio à violência política, revelando os limites da polarização que dominava a cena política argentina.

A ex-vice-presidente também levantou questões sobre possíveis financiamentos ligados ao caso, solicitando uma investigação mais ampla, que foi rejeitada pelo tribunal. No entanto, ela persiste em seu pedido por justiça e transparência no processo, denunciando tentativas de impunidade e ocultação da verdade.

O caso de tentativa de homicídio contra Cristina Kirchner não apenas abalou as estruturas políticas argentinas, mas também ressaltou a importância de preservar o pacto democrático e a não aceitação da violência como forma de lidar com adversários políticos. A sociedade argentina espera que o julgamento traga luz sobre os motivos por trás do atentado e promova a responsabilização dos envolvidos, encerrando um capítulo sombrio da história política do país.

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