Governo dos EUA condena tentativa de golpe na Bolívia, especialistas apontam relação com disputa política no país andino.

Na última quarta-feira, o governo dos Estados Unidos condenou veemente a tentativa de golpe de Estado na Bolívia. As autoridades do segundo escalão do governo de Joe Biden se pronunciaram após quase 29 horas da denúncia feita pelo presidente boliviano Luis Arce sobre a movimentação golpista do general Juan José Zúñiga.

O secretário de estado adjunto de gestão e recursos do Departamento de Estados dos EUA, Richard R. Verma, foi um dos responsáveis por manifestar a condenação, afirmando que os Estados Unidos repudiam qualquer movimentação ilegal de unidades militares na Bolívia. O funcionário do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, reforçou o repúdio à tentativa de subverter a ordem constitucional no país andino.

Já Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, compartilhou a condenação feita pelos EUA, enfatizando o apoio à democracia e ao povo boliviano. No entanto, especialistas avaliam que a postura tímida do governo Biden pode ter relação com disputas políticas no país andino.

Diferentemente de outros países que se manifestaram contra o golpe na Bolívia, os EUA optaram por manifestações de autoridades de segundo escalão. Esse posicionamento mais contido pode estar alinhado aos interesses políticos dos Estados Unidos na região.

O diretor-executivo do Washington Brazil Office (WBO), Paulo Abrão, ressaltou que a manifestação dos EUA foi discreta e que a direita boliviana tem influência nos bastidores do governo de Washington. Para ele, a política externa de Biden não se diferencia significativamente da adotada por Trump em relação aos grupos aliados na América Latina.

O sociólogo Carlos Eduardo Martins, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apontou que a reação comedida dos Estados Unidos pode estar relacionada ao interesse americano no lítio, recurso estratégico abundante na Bolívia. Por outro lado, o antropólogo Salvador Schavelzon, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), acredita que o golpe frustrado na Bolívia não foi instigado pelos EUA.

Em meio a essas especulações e análises, as relações entre Bolívia e Estados Unidos continuam sob escrutínio, especialmente diante dos interesses geopolíticos envolvendo o lítio e outras questões estratégicas na região. Portanto, a condenação dos Estados Unidos ao golpe na Bolívia não apenas revela a tensão política no país andino, mas também evidencia as complexas relações internacionais que influenciam a região latino-americana.

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