Regime norte-coreano aperta cerco contra valores e cultura do Ocidente e do Sul, revela relatório do governo sul-coreano

O governo da Coreia do Sul divulgou um relatório na quinta-feira acusando o regime norte-coreano de reprimir os valores e manifestações culturais provenientes do Ocidente e, especialmente, da Coreia do Sul. O Ministério da Unificação apresentou relatos de dissidentes que incluem casos graves, como a suposta execução de um jovem que foi pego assistindo filmes e ouvindo músicas de artistas sul-coreanos.

Um desses relatos chocantes descreve uma execução pública de um trabalhador rural de 22 anos na província de Hwanghae do Sul. Segundo o relato de um homem que desertou para a Coreia do Sul, o jovem foi considerado um “fantoche” do Sul e foi preso após ouvir 70 músicas e assistir a três filmes sul-coreanos. Outro caso mencionado no relatório envolve uma mulher que desertou no ano passado e testemunhou a exibição de um vídeo sobre a Lei de Rejeição Cultural de Ideologia Reacionária, que prevê punições rigorosas para quem consumir música, filmes e novelas de países considerados hostis.

O vídeo mostrava que noivas usando vestidos brancos no casamento e sendo carregadas por seus noivos eram consideradas atitudes reprováveis, assim como beber vinho em taças e usar vários acessórios ao mesmo tempo. Essas ações eram rotuladas de “reacionárias” pelo vídeo, que contraditoriamente fazia críticas a comportamentos que o próprio líder do país, Kim Jong-un, já demonstrou ter.

Essas medidas mais rígidas adotadas pelo regime norte-coreano incluem até mesmo a proibição do uso de expressões do dialeto sul-coreano e podem resultar em pena de morte em certos casos. O controle sobre a sociedade e a imposição de valores coreanos estão cada vez mais presentes, com relatos de fiscalizações aleatórias de telefones celulares para verificar o uso de expressões proibidas.

Desde o fracasso das negociações entre a Coreia do Norte e os EUA em 2019, o regime de Kim Jong-un tem se afastado de iniciativas de normalização com o sul, chegando ao extremo de designar a Coreia do Sul como “o principal inimigo”. Sem transparência, confirmar os relatos dos dissidentes torna-se um desafio, mas é importante ressaltar que a perseguição a pessoas que consomem conteúdo cultural sul-coreano no Norte não é novidade.

Pyongyang não se pronunciou sobre o documento, deixando ainda mais dúvidas sobre a realidade desses relatos. A situação na Coreia do Norte continua sendo uma questão delicada e controversa, com o mundo aguardando ansiosamente por mais informações concretas e ações para proteger os direitos humanos e a liberdade cultural na região.

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