Desembargador do TRT da 4ª Região é alvo de reclamação disciplinar por negar prioridade a advogada gestante.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu uma reclamação disciplinar contra o desembargador Luiz Alberto de Vargas, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 4ª Região, sediado em Porto Alegre. A medida foi tomada pelo corregedor nacional de Justiça, ministro Luís Felipe Salomão, em decorrência do caso envolvendo a advogada Marianne Bernardi, que está grávida de oito meses e teve seu pedido de prioridade de sustentação oral negado durante uma sessão virtual em 27 de junho.

O procedimento de reclamação é um processo preliminar que antecede a possível abertura de um processo disciplinar contra os magistrados. O ministro Salomão afirmou que é necessário examinar a conduta do desembargador diante de situações que exigem um olhar atento para abominar qualquer forma de discriminação ou violência, inclusive garantindo um tratamento adequado e igualitário a todos que atuam no Poder Judiciário.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio Grande do Sul também está acompanhando o caso e pretende apresentar uma denúncia contra o desembargador ao CNJ e à corregedoria da Justiça do Trabalho. De acordo com a OAB, o Estatuto da Advocacia assegura à advogada gestante o direito de ser ouvida antes de outros advogados durante as sessões de julgamentos nos tribunais de todo o país.

Durante a sessão em questão, Marianne aguardou das 9h às 16h30 para que seu processo fosse chamado para julgamento. O desembargador alegou que a preferência não é aplicável em sessões virtuais, somente presenciais, e se recusou a conceder o direito de preferência à advogada grávida. Em resposta, a profissional argumentou que seu direito legal estava sendo desrespeitado, sendo apoiada por outros desembargadores, advogadas e pelo procurador do Trabalho presentes na sessão.

Diante do impasse, o desembargador chegou a questionar se a advogada realmente estava grávida, levando-a a mostrar a barriga para a câmera. A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria de imprensa do tribunal para obter um posicionamento do gabinete do desembargador quanto ao episódio. O caso continua a gerar repercussão e levanta debates sobre o tratamento adequado aos profissionais no ambiente judiciário.

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